quarta-feira, 1 de junho de 2022

Jesuítas e a violência

 


Jesuítas e a violência

Em suas cartas podemos observar que os jesuítas encontravam muita dificuldade em convencer indígenas adultos a abandonarem seus costumes, espiritualidade e modos de vida e aceitarem serem salvos (?) por Jesus. 

As crianças indígenas eram vistas pelos padres como tabula rasa, papel em branco para quem tudo poderia ser ensinado, por intermédio delas se faria a coerção dos adultos (Pereira, 2007). As crianças, retiradas forçosamente de suas famílias, eram obrigadas a decorar centenas de cânticos cristãos, eram forçadas a serem tradutoras da doutrina cristã para as línguas indígenas, etc. 

O logro do convencimento e imposição cristã precisou, desonestamente, recorrer de violência contra as crianças indígenas para se perpetuar, em um gesto de extrema covardia.

A pedagogia dos padres se inspirava no hábito europeu das sanções e punições violentas. As penalidades variavam, usava-se o açoite, tronco e até mutilações cuja execução deveria ser pública, para aumentar o efeito de pavor coletivo (Carvalho, 2019).

Toda essa violência teve muita resistência dos povos indígenas, que, segundo os padres, tinham um "amor excessivo" às suas crianças, não suportando puni-las de forma alguma, inclusive sem recorrer a gritos e ameaças. 

"Bater e sofrer por amor" faz parte da mitologia cristã, essa mesma que hoje propaga inversões coloniais dizendo que indígenas "matam e maltratam crianças".
A sociedade não indígena brasileira tem níveis extremamente altos de violência contra crianças, seja pelo abandono parental, abuso sexual, emocional de toda ordem, seja por muitos acreditarem que agressão é uma forma de ensino justa.

Nesse abril indígena e no restante do ano, que as ficcções coloniais sejam desconstruídas, estas que apregoam mentiras reversas sobre nossos povos. 

Que a branquitude vire seu espelhinho para si mesma.

Geni Nuñez

Fonte: https://www.instagram.com/p/CNvo47nndJb/?igshid=MDJmNzVkMjY=


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Jesuítas e a violência

 


Jesuítas e a violência

Em suas cartas podemos observar que os jesuítas encontravam muita dificuldade em convencer indígenas adultos a abandonarem seus costumes, espiritualidade e modos de vida e aceitarem serem salvos (?) por Jesus. 

As crianças indígenas eram vistas pelos padres como tabula rasa, papel em branco para quem tudo poderia ser ensinado, por intermédio delas se faria a coerção dos adultos (Pereira, 2007). As crianças, retiradas forçosamente de suas famílias, eram obrigadas a decorar centenas de cânticos cristãos, eram forçadas a serem tradutoras da doutrina cristã para as línguas indígenas, etc. 

O logro do convencimento e imposição cristã precisou, desonestamente, recorrer de violência contra as crianças indígenas para se perpetuar, em um gesto de extrema covardia.

A pedagogia dos padres se inspirava no hábito europeu das sanções e punições violentas. As penalidades variavam, usava-se o açoite, tronco e até mutilações cuja execução deveria ser pública, para aumentar o efeito de pavor coletivo (Carvalho, 2019).

Toda essa violência teve muita resistência dos povos indígenas, que, segundo os padres, tinham um "amor excessivo" às suas crianças, não suportando puni-las de forma alguma, inclusive sem recorrer a gritos e ameaças. 

"Bater e sofrer por amor" faz parte da mitologia cristã, essa mesma que hoje propaga inversões coloniais dizendo que indígenas "matam e maltratam crianças".
A sociedade não indígena brasileira tem níveis extremamente altos de violência contra crianças, seja pelo abandono parental, abuso sexual, emocional de toda ordem, seja por muitos acreditarem que agressão é uma forma de ensino justa.

Nesse abril indígena e no restante do ano, que as ficcções coloniais sejam desconstruídas, estas que apregoam mentiras reversas sobre nossos povos. 

Que a branquitude vire seu espelhinho para si mesma.

Geni Nuñez

Fonte: https://www.instagram.com/p/CNvo47nndJb/?igshid=MDJmNzVkMjY=