Jesuítas e a violência
Em suas cartas podemos
observar que os jesuítas encontravam muita dificuldade em convencer indígenas
adultos a abandonarem seus costumes, espiritualidade e modos de vida e
aceitarem serem salvos (?) por Jesus.
As crianças indígenas eram vistas pelos padres
como tabula rasa, papel em branco para quem tudo poderia ser ensinado, por
intermédio delas se faria a coerção dos adultos (Pereira, 2007). As crianças,
retiradas forçosamente de suas famílias, eram obrigadas a decorar centenas de
cânticos cristãos, eram forçadas a serem tradutoras da doutrina cristã para as
línguas indígenas, etc.
O logro do convencimento e imposição cristã
precisou, desonestamente, recorrer de violência contra as crianças indígenas
para se perpetuar, em um gesto de extrema covardia.
A pedagogia dos padres se inspirava no hábito
europeu das sanções e punições violentas. As penalidades variavam,
usava-se o açoite, tronco e até mutilações cuja
execução deveria ser pública, para aumentar o efeito de pavor
coletivo (Carvalho, 2019).
Toda essa violência teve muita resistência dos
povos indígenas, que, segundo os padres, tinham um "amor excessivo"
às suas crianças, não suportando puni-las de forma alguma, inclusive sem
recorrer a gritos e ameaças.
"Bater e sofrer por amor" faz parte da
mitologia cristã, essa mesma que hoje propaga inversões coloniais dizendo que
indígenas "matam e maltratam crianças".
A sociedade não indígena brasileira tem níveis
extremamente altos de violência contra crianças, seja pelo abandono parental,
abuso sexual, emocional de toda ordem, seja por muitos acreditarem que agressão
é uma forma de ensino justa.
Nesse abril indígena e no restante do ano, que
as ficcções coloniais sejam desconstruídas, estas que apregoam mentiras
reversas sobre nossos povos.
Que a branquitude vire seu espelhinho para si
mesma.
Geni Nuñez
Fonte: https://www.instagram.com/p/CNvo47nndJb/?igshid=MDJmNzVkMjY=
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