quinta-feira, 30 de junho de 2022

Figuras femininas interpretadas como masculinas

 


Duas figuras com chifres, aqui descritas como xamãs com chifres, de Colima, México ocidental, 100-300 EC. Figuras com um chifre, frequentemente encontradas entre a arte da trompa, foram identificadas pelos historiadores de arte como guerreiros. Em um artigo de 1965, e em sua dissertação de 1966, Peter T. Furst apresentou sua teoria inovadora de que a religião xamânica e práticas xamânicas, semelhantes às documentadas em outras partes das Américas e na Ásia, eram praticadas nas aldeias do México ocidental. Ele citou como evidência muitas das figuras que haviam sido rotuladas como "arte popular", e em particular o "Colima One-Horns". Estes, disse ele, representavam xamãs e guardiões de túmulos xamânicos. Há controvérsias.

O artigo prossegue, implicando que estas figuras são masculinas, falando de xamãs-reis. Fez-me ir ver o vestuário deste tempo e lugar. Pelas evidências, as mulheres usam saias semelhantes a esta, e os homens são mostrados em tanga, e muitas vezes com cintos grossos. Percebem a problemática da interpretação de achados arqueológicos quando passam por uma lente misógina, sem o distanciamento necessário e sem comparar evidências? Por isso não é apenas uma questão de “olhar e descrever”, tudo passa por uma interpretação. Daí a necessidade de metodologia e não apenas de repetir informações no estilo “copia e cola”.

https://www.penn.museum/sites/expedition/on-the-dilemma-of-a-horn/?fbclid=IwAR3HWbHcchtVtQM8z20xSH713yxhFNakQJiWNXanRgqklGYkinH1PuxafvI


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Figuras femininas interpretadas como masculinas

 


Duas figuras com chifres, aqui descritas como xamãs com chifres, de Colima, México ocidental, 100-300 EC. Figuras com um chifre, frequentemente encontradas entre a arte da trompa, foram identificadas pelos historiadores de arte como guerreiros. Em um artigo de 1965, e em sua dissertação de 1966, Peter T. Furst apresentou sua teoria inovadora de que a religião xamânica e práticas xamânicas, semelhantes às documentadas em outras partes das Américas e na Ásia, eram praticadas nas aldeias do México ocidental. Ele citou como evidência muitas das figuras que haviam sido rotuladas como "arte popular", e em particular o "Colima One-Horns". Estes, disse ele, representavam xamãs e guardiões de túmulos xamânicos. Há controvérsias.

O artigo prossegue, implicando que estas figuras são masculinas, falando de xamãs-reis. Fez-me ir ver o vestuário deste tempo e lugar. Pelas evidências, as mulheres usam saias semelhantes a esta, e os homens são mostrados em tanga, e muitas vezes com cintos grossos. Percebem a problemática da interpretação de achados arqueológicos quando passam por uma lente misógina, sem o distanciamento necessário e sem comparar evidências? Por isso não é apenas uma questão de “olhar e descrever”, tudo passa por uma interpretação. Daí a necessidade de metodologia e não apenas de repetir informações no estilo “copia e cola”.

https://www.penn.museum/sites/expedition/on-the-dilemma-of-a-horn/?fbclid=IwAR3HWbHcchtVtQM8z20xSH713yxhFNakQJiWNXanRgqklGYkinH1PuxafvI