"Você não paga
minhas contas então não tem direito a controlar minha vida".
Entendo o sentido da frase, mas me pergunto:
então pagar as contas de alguém compra também o direito ao cerceamento sexual,
afetivo, político?
A falta de autonomia financeira vem sendo uma
grande moeda simbólica de controle da sexualidade (especialmente de mulheres
cis e pessoas LGBT). No contexto da família normativa, a moradia, alimentação e
vestimenta frequentemente são usadas como chantagem emocional, como forma de
coerção em diferentes dimensões.
"Será cobrado apenas um valor
simbólico", esse valor pode ser dos mais superfaturados que se pode ter.
O amor romântico, aliado ao machismo e racismo,
a todo momento convoca uma renúncia de si, como se fosse egoísmo cuidar da
própria saúde, dos próprios sonhos e projetos de vida.
Centenas de filmes e séries colocam como um
grande dilema escolher entre uma oportunidade incrível de trabalho e namoro,
entre uma chance ótima de estudo e o casamento.
Em relações LGBT é bastante comum que haja
mudanças de cidade, de estado, de país, tendo como único motivo a paixão, tendo
como única rede de apoio, a relação de namoro. Isso tende a criar uma situação
de dependência não saudável, em que o término é adiado ao máximo a despeito da
falta de qualidade da relação, como se terminando o namoro a pessoa "não
tivesse mais nada", como se assim "perderia tudo".
A construção de projetos e planos coletivos é
fundamental, mas a pior forma de coletivizar a vida é através da promessa do
amor romântico.
Desconstruir essas formas de se relacionar é um
gesto de autocuidado consigo e com o coletivo, pois cuidando de nossa saúde é
que poderemos melhor contribuir para as lutas sociais.
Utilizemos nosso tempo sabiamente <3
Postagem de @genipapos
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