sexta-feira, 8 de abril de 2022

Policiamento de tom

 


Você já ouviu falar do conceito de “policiamento de tom”? Em seu livro “Me and White Supremacy”, a escritora Layla F. Saad define o conceito como a tática usada por aqueles que detêm privilégios para silenciar aqueles que não tem. A estratégia funciona focando no tom do que está sendo dito em vez de focar no conteúdo do que está sendo dito.

O policiamento de tom aparece quando pessoas marginalizadas são apontadas como agressivas, violentas, ao falarem de suas vivências. Quando cobram de nós pessoas negras e indígenas, pessoas LGBT, PcDs didatismo, quando falamos sobre racismo, lgbtfobia, capatismo, por exemplo. Focam em nossa raiva ao falar do que nos dói para desmoralizar nossos argumentos e apontamentos.

Vivemos em um país com um genocído em curso da população negra e indígena, sendo organizado pelo próprio Estado. O país que mais mata travestis e pessoas trans no mundo, segundo dossiê de 2020 da ANTRA. Nós vivemos com um alvo nas costas, como não estar com constante raiva? As violências produzidas pelas diversas estruturas de opressão se interligam e nós somos atravessados por várias delas.

O policiamento de tom também acontece no meio não-mono. Nós aqui no projeto vivenciamos isso. Constantemente somos atacados por propor um direcionamento radical e revolucionário. Quem se incomoda com a Não-monogamia Política? Quem se incomoda com a proposição de futuros coletivos e emancipatórios? Somos um projeto de pessoas racializadas, LGBT, de diversas regiões desse território. Produzimos a partir do que estudamos e também vivemos diariamente.

Ficamos com Audre Lorde e seus apontamentos sobre os usos da raiva. A canalizando e transformando em força de ação, luta e resistência. Temos consciência do porquê determinadas proposições incomodam, mas temos um compromisso com esse direcionamento político que é construído diariamente em diversas lutas. E não vamos nos calar perante o policiamento de tom alheio e os incômodos daqueles que estão no alto de seus privilégios.

Texto: Newton Jr

 

Referências:
LORDE, Audre. Os usos da raiva: as mulheres reagem ao racismo. In: LORDE, Audre. Irmã outsider. 1. ed. Belo horizonte: Autêntica, 2019 [1984]. cap. 12, p. 155 - 167. ISBN 9788551304311


SAAD. Layla. F. Me and White Supremacy. 1. ed. Illinois: Sourcebooks. 2020. 200 p.

 

Fonte: https://www.instagram.com/p/Cb-TUZCsn5E/?utm_medium=share_sheet


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Policiamento de tom

 


Você já ouviu falar do conceito de “policiamento de tom”? Em seu livro “Me and White Supremacy”, a escritora Layla F. Saad define o conceito como a tática usada por aqueles que detêm privilégios para silenciar aqueles que não tem. A estratégia funciona focando no tom do que está sendo dito em vez de focar no conteúdo do que está sendo dito.

O policiamento de tom aparece quando pessoas marginalizadas são apontadas como agressivas, violentas, ao falarem de suas vivências. Quando cobram de nós pessoas negras e indígenas, pessoas LGBT, PcDs didatismo, quando falamos sobre racismo, lgbtfobia, capatismo, por exemplo. Focam em nossa raiva ao falar do que nos dói para desmoralizar nossos argumentos e apontamentos.

Vivemos em um país com um genocído em curso da população negra e indígena, sendo organizado pelo próprio Estado. O país que mais mata travestis e pessoas trans no mundo, segundo dossiê de 2020 da ANTRA. Nós vivemos com um alvo nas costas, como não estar com constante raiva? As violências produzidas pelas diversas estruturas de opressão se interligam e nós somos atravessados por várias delas.

O policiamento de tom também acontece no meio não-mono. Nós aqui no projeto vivenciamos isso. Constantemente somos atacados por propor um direcionamento radical e revolucionário. Quem se incomoda com a Não-monogamia Política? Quem se incomoda com a proposição de futuros coletivos e emancipatórios? Somos um projeto de pessoas racializadas, LGBT, de diversas regiões desse território. Produzimos a partir do que estudamos e também vivemos diariamente.

Ficamos com Audre Lorde e seus apontamentos sobre os usos da raiva. A canalizando e transformando em força de ação, luta e resistência. Temos consciência do porquê determinadas proposições incomodam, mas temos um compromisso com esse direcionamento político que é construído diariamente em diversas lutas. E não vamos nos calar perante o policiamento de tom alheio e os incômodos daqueles que estão no alto de seus privilégios.

Texto: Newton Jr

 

Referências:
LORDE, Audre. Os usos da raiva: as mulheres reagem ao racismo. In: LORDE, Audre. Irmã outsider. 1. ed. Belo horizonte: Autêntica, 2019 [1984]. cap. 12, p. 155 - 167. ISBN 9788551304311


SAAD. Layla. F. Me and White Supremacy. 1. ed. Illinois: Sourcebooks. 2020. 200 p.

 

Fonte: https://www.instagram.com/p/Cb-TUZCsn5E/?utm_medium=share_sheet