quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Jesus era negro ou branco?

 


"Raça é uma ficção da modernidade (Quijano) e racismo é uma “crença na existência das raças naturalmente hierarquizadas pela relação intrínseca entre o físico e o moral, o físico e o intelecto, o físico e cultural” (MUNANGA, 2013).

Vejam, negro, ~índio, oriental, branco são categorias inventadas e produzidas pela noção de raça, elas são propositadamente homogeneizadoras e genéricas, porque é isso que o racismo faz.

Ainda que pessoas de diferentes tons de pele e de múltiplos fenótipos sempre tenham existido entre humanos, é anacrônico associar isso à raça em períodos anteriores à modernidade. Ou seja, negro, branco, ~índio, etc não existiam antes deste marco colonial, foram produzidos por atribuições historicamente datadas.

Os conflitos e desigualdades, as guerras e suas racionalidades foram se atualizando historicamente. Houve momentos em que essas hierarquias se davam por diferenças étnicas, religiosas, etc. Apenas na modernidade que a ideia de raça passa a ser uma forma de dar sentido à violência entre determinados grupos.

Por isso que é equivocado atribuir qualquer raça a Jesus partindo de um tom de pele.

A marcação dele como judeu sim é possível, visto que a referência aí passa a ser étnica e não racial.

A meu ver, este recurso (de narrar Jesus como negro, lgbt, mulher e afins) atende a este esforço de criar uma identificação contemporânea com esta figura, que em nosso território, faz parte da violência colonial.

O racismo é uma violência situada em um tempo e territórios, descontextualizá-la tem como efeito afirmar que desde que existem humanos existe racismo, o que é uma inverdade que reforça sua naturalização.


Raças nos dias de hoje não existem como verdade biológica, mas seguem concretas do ponto de vista de seus efeitos. Chamamos de raça social este imaginário que ainda persiste na atualização do racismo"


Geni Núñez


Fonte: https://www.instagram.com/genipapos/p/CJUXQUxH0eW/?utm_medium=copy_link

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Jesus era negro ou branco?

 


"Raça é uma ficção da modernidade (Quijano) e racismo é uma “crença na existência das raças naturalmente hierarquizadas pela relação intrínseca entre o físico e o moral, o físico e o intelecto, o físico e cultural” (MUNANGA, 2013).

Vejam, negro, ~índio, oriental, branco são categorias inventadas e produzidas pela noção de raça, elas são propositadamente homogeneizadoras e genéricas, porque é isso que o racismo faz.

Ainda que pessoas de diferentes tons de pele e de múltiplos fenótipos sempre tenham existido entre humanos, é anacrônico associar isso à raça em períodos anteriores à modernidade. Ou seja, negro, branco, ~índio, etc não existiam antes deste marco colonial, foram produzidos por atribuições historicamente datadas.

Os conflitos e desigualdades, as guerras e suas racionalidades foram se atualizando historicamente. Houve momentos em que essas hierarquias se davam por diferenças étnicas, religiosas, etc. Apenas na modernidade que a ideia de raça passa a ser uma forma de dar sentido à violência entre determinados grupos.

Por isso que é equivocado atribuir qualquer raça a Jesus partindo de um tom de pele.

A marcação dele como judeu sim é possível, visto que a referência aí passa a ser étnica e não racial.

A meu ver, este recurso (de narrar Jesus como negro, lgbt, mulher e afins) atende a este esforço de criar uma identificação contemporânea com esta figura, que em nosso território, faz parte da violência colonial.

O racismo é uma violência situada em um tempo e territórios, descontextualizá-la tem como efeito afirmar que desde que existem humanos existe racismo, o que é uma inverdade que reforça sua naturalização.


Raças nos dias de hoje não existem como verdade biológica, mas seguem concretas do ponto de vista de seus efeitos. Chamamos de raça social este imaginário que ainda persiste na atualização do racismo"


Geni Núñez


Fonte: https://www.instagram.com/genipapos/p/CJUXQUxH0eW/?utm_medium=copy_link