Há muitas
maneiras de se brincar com a morte:
Ameaças, armas
de brinquedo, entretenimento,
Naturalização da
violência.
Também acontece
quando desistimos da vida
E aos poucos
nos entregamos
A rotinas que aos
poucos nos tiram a saúde
E a sanidade.
Assassinato,
suicídio, pandemia, genocídio.
Etnocídio,
apagamento, silenciamento.
E assim
pregamos a vida brincando com a morte
Nossa e dos
outros.
Nos omitimos
com a injustiça,
Recusamo-nos a
tomar posição
Deixamos ao “Deus
dará” as circunstâncias
E não nos
responsabilizamos, não agimos, não.
E a morte
torna-se aliada,
Deixamos seu
rastro por onde passamos.
Fazemos mal,
apoiamos linchamento,
Ignoramos violências
e nos rendemos aos nossos prazeres.
Justificamos o
fato de não ouvirmos o grito de socorro alheio
Porque tínhamos
boa intenção, porque queríamos agradar.
E o que vão
pensar?
Assim pregamos
discursos de vida
Gerando frutos
de morte,
De escárnio, de
desprezo e manutenção de uma vida
Pautada sobre a
morte.
Se mata aos
poucos
E finge não
ouvir os gritos de alerta,
Morre aos
poucos
E diz se
assustar com a morte à espreita.
Ilusão. Religiosidade
que flerta com a morte.
Que prega ser
indestrutível
Enquanto esmaga
sob seus pés as vidas
Que não se lhes
submete.
Angela Natel
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