O mundo todo apavorado
Tomando medidas
Precaução
Preocupado.
Todos corremos
risco
Não há ninguém
ileso naturalmente
Apenas há
alguns
- uma
verdadeira minoria –
Privilegiada
Que pode se
manter intacta
Que pode cuidar
dos seus.
A maioria
- os vulneráveis
da sociedade –
Precisa correr
atrás do pão
Pois o pão
- bem lembrou
meu amigo Wellington –
Não é nosso, de
fato,
É de quem serve
ao deus Mercado.
200 reais não
pagam um quarto de uma cesta básica.
E quem mais
trabalha é quem menos ganha
E mais se
arrisca
Nessa pandemia.
Muitos
desempregados.
Muitos assolados
com as perdas,
Familiares das
vítimas
De uma má administração
pública
Dessa crise
pandêmica.
Porque recursos
existem
Mas o deus
Mercado exige sacrifícios
E Mamon não é
facilmente saciado.
Cristãos somente
preocupados
Com a manutenção
de seus prédios irrelevantes
Vazios de vida
e de verdadeiro Evangelho.
Faculdades
teológicas,
Formadoras de
líderes religiosos –
Mantém seu
culto ao dinheiro e ao poder
Que despreza o
risco das vidas sob sua tutela.
São ameaças
silenciosas para manter o sistema
Que não admite
ser contrariado
Enquanto
sacrifica
Através de seus
mercenários da fé
Que roubam,
matam e destroem continuamente.
“Não fechem os
templos! Não parem as aulas!”
Há muito
dinheiro em jogo!
O pão que
repartimos é recheado de veneno indispensável.
É o desprezo
pela vida,
Alimentando as
mentiras
E ignorando
fatos.
Fechando os olhos
para as mortes, o risco, o assassinado.
Porque sim, é
assassinato!
Não morreu porque
chegou a sua hora,
Não era para
ser assim,
Não estava
escrito,
Não foi
destino.
Senão, a profecia
não seria necessária,
E tudo o que
dizemos crer se inutilizaria.
Verdadeiro ato
profético
É responsabilização.
E eu
responsabilizo
Todo o que se
isenta de proteger seu irmão,
Todo o que
fecha os olhos para o risco que as vidas correm,
Todo o que baixa
a cabeça para quem tem dinheiro e poder,
Todo o que se
deixa acreditar pelas palavras de ‘Paz! Paz!’ quando não há paz.
Eu
responsabilizo todo o que age e ri e ignora a necessidade.
Todo o que não
se faz parte do cuidado, da solução, da proteção da vida.
Sim, viver profeticamente
é responsabilizar-se
E assumir ação
proativamente em favor dos vulneráveis,
Ainda que venha
perseguição, ainda que venha retaliação.
É preciso se
posicionar profeticamente,
E não mais
viver de maneira fatalista, entregando-se às falas mentirosas
E assassinas.
Que não sejamos
cúmplices, que nos responsabilizemos,
E cuidemos uns
dos outros
Repartindo nosso
pão,
- o pão nosso –
Abrindo mão de
privilégios,
Não mais
negociando vidas em favor de instituições
E sistemas.
Deixando vazio
o altar de Mamon.
Porque o Bom
Pastor cuida de suas ovelhas.
Ele não é como
o mercenário, o ladrão,
Que cuida das
ovelhas a fim de extorquir delas o que lhe apraz.
Quando o lobo
aparece, o ladrão, o mercenário, o falso pastor, foge
Deixando as
ovelhas à mercê do que lhes pode matar.
Mas o Bom
Pastor dá a vida pelas ovelhas.
Assim, reconheço
os mercenários da fé por sua postura de expor a vida das pessoas
Ao risco de
morte nessa pandemia
Em nome de suas
instituições, sejam elas Igrejas, sejam faculdades teológicas,
E em nome da
manutenção desse império, dessa máfia de ladrões
Vidas são
perdidas, sacrificadas
A Mamon, ao
Mercado, ao Império – ao César responsável pela crucificação de Jesus:
O poder.
Ladrões! Eu os
responsabilizo
Por cada sangue
derramado – indígenas, quilombolas, mulheres sob o jugo da violência doméstica,
vidas perdidas pelo vírus, pela mentira, pela omissão.
Eu os
responsabilizo por toda propaganda política em nome de um falso messias,
Em nome de
favores missionários colonizadores.
Eu os
responsabilizo por toda sujeira que vem sendo espalhada por onde seu falso
evangelho é pregado, por onde essa teologia maligna, podre e vil está sendo
ensinada.
Que sejam
responsabilizados nessa vida, na eternidade.
Angela Natel - 03/03/2021
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