sábado, 6 de março de 2021

Homem cis branco heterossexual

 

Já teve seu corpo violado

Por alguém ‘de confiança’, da família,

Que supostamente deveria te proteger?

 

Já teve sua voz silenciada

Por quem disse te amar

E te respeitar?

 

Já perdeu sustento e lugar no mundo

Por não trair sua consciência?

Já passou necessidade

Por ter dito ‘não’?

 

Já foi apedrejado por não negar sua identidade

Nem baixar a cabeça por ser quem é?

Já foi rasgado por dentro em busca de ajuda, de cura física, emocional e espiritual?

Já passou por esse tipo de abuso?

 

Você, homem cis branco heterossexual, cale-se diante da dor

Não venha dizer que não se pode viver de rancor,

Porque essas dores da alma e do corpo

Nenhuma delas você sentiu.

 

A estrutura social te permite dizer que se compadece

Dessas dores

E que ainda devemos manter a doçura.

Tome vergonha na cara, homem cis branco heterossexual.

Você é uma parede branqueada que se alimenta

Dessa estrutura que mata diariamente quem não é como você.

 

Então, no dia das mulheres, ou no mês do orgulho LGBTQIA+

Não venha dar uma de parceiro na luta,

Nem tentar presentear ninguém.

Tome vergonha na cara

E cale-se diante da dor que você não conhece

Nem nunca conhecerá.

 

Angela Natel – 06/03/2021

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Homem cis branco heterossexual

 

Já teve seu corpo violado

Por alguém ‘de confiança’, da família,

Que supostamente deveria te proteger?

 

Já teve sua voz silenciada

Por quem disse te amar

E te respeitar?

 

Já perdeu sustento e lugar no mundo

Por não trair sua consciência?

Já passou necessidade

Por ter dito ‘não’?

 

Já foi apedrejado por não negar sua identidade

Nem baixar a cabeça por ser quem é?

Já foi rasgado por dentro em busca de ajuda, de cura física, emocional e espiritual?

Já passou por esse tipo de abuso?

 

Você, homem cis branco heterossexual, cale-se diante da dor

Não venha dizer que não se pode viver de rancor,

Porque essas dores da alma e do corpo

Nenhuma delas você sentiu.

 

A estrutura social te permite dizer que se compadece

Dessas dores

E que ainda devemos manter a doçura.

Tome vergonha na cara, homem cis branco heterossexual.

Você é uma parede branqueada que se alimenta

Dessa estrutura que mata diariamente quem não é como você.

 

Então, no dia das mulheres, ou no mês do orgulho LGBTQIA+

Não venha dar uma de parceiro na luta,

Nem tentar presentear ninguém.

Tome vergonha na cara

E cale-se diante da dor que você não conhece

Nem nunca conhecerá.

 

Angela Natel – 06/03/2021