A gente se
afasta pra manter a sanidade
E sai de onde
está largando tudo para trás
A fim de parar
um processo de morte
Do eu, da esperança,
da nossa humanidade.
A gente para de
manter contato
E não fica mais
conversando
Com quem só
tira sarro da nossa cara
E faz questão
de nos manter por baixo
Ridicularizando,
chamando a atenção, corrigindo,
Quem não nos
trata como gente, com respeito e dignidade.
A gente sai de
onde é sabotado
Pra não
alimentar desejo de vingança nem maldade.
A gente sai de
onde percebe que está sendo sugado
Nas energias,
no trabalho, no desgaste de dedicação e nenhum reconhecimento.
A gente deixa
pra trás um casamento abusivo
No qual se viveu
todo tipo de violência
E deixa pra trás
quem achou que era mentira
E nem se
importou com a nossa sobrevivência.
A gente larga
toda institucionalização da fé
E seu hábito de
controlar vidas.
A gente para de
defender o indefensável
Prá ajustar o
foco do nosso olhar perdido.
A gente deixa
de responder mensagens
Com perguntas e
textos invasivos.
E para de
tentar se justificar pros outros
E de tentar
provar que merece respeito.
A gente não faz
mais questão de ganhar uma discussão
Nem de prestar
contas pra quem não caminha ao nosso lado.
A gente para de
alimentar falsa esperança
De que os hipócritas
e incoerentes vão reconhecer seu passo em falso.
A gente,
finalmente, para de alimentar relação abusiva
Fundamentada em
pedidos de perdão que não se responsabilizam pelos danos
Nem que buscam
reparação.
A gente desliga
o coração de quem só nos mata por dentro
Justificando violência
e dor ainda que nos perca aos poucos.
Assim a gente
segue em busca de paz.
Não tranquilidade,
mas paz consigo mesmo.
Não há nada que
pague o passo alinhado à consciência
Sem a
necessidade de andar mal acompanhado.
Angela Natel –
07/02/2021
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