domingo, 6 de dezembro de 2020

Angela Natel: "Hoy estoy satisfecha con mi incomprensión de Dios, ya no intento definirlo"

 Meu nome é Angela e tenho 41 anos. Sou teóloga, linguista, professora e pesquisadora, autista e assexual.

Durante muitos anos, boa parte de minha vida, vivi sob o estigma do estranhamento.

Por gostar de

estudar, desde pequena desviei a atenção das pessoas para meu desempenho escolar,

tirando a

atenção das questões que envolviam sexualidade e interação social.

20201118_135050.jpg

Hoje entendo que

a maior parte

de meu comportamento

se resumia a repetir

padrões considerados

‘normais’, tanto no que

diz respeito à socialização

quanto à sexualidade.

Assim, entrei na brincadeira

e aos 12 anos dei um

beijo só de lábios pela

primeira vez, conquistando

a aceitação na escola.

Ao mesmo tempo, no

ambiente religioso

fui sendo cada vez mais

aclamada como exemplo,

uma vez que não

me envolvia de forma romântica

ou sexual com ninguém. Isso não

significa que eu não me

considerasse apaixonada, ou

romântica, e sempre busquei companheirismo e amizades profundas com as pessoas,

independentemente de sua identidade sexual.

Dessa maneira, aos 16 anos eu já era líder de grupo de jovens e aproveitada para

discursar sobre o compromisso dos jovens se guardarem sexualmente até o casamento.

Assim, fui instrumento de regras

fundamentalistas dentro da instituição religiosa, repetindo padrões de comportamento

considerados aceitáveis dentro desses ambientes a fim de me encaixar socialmente pois,

de fato, eu não sabia como fazê-lo.

No que diz respeito ao meu relacionamento com Deus, sempre foi muito marcado por

crises existenciais, orações mecanicistas e novamente por repetições de padrão. O

autismo – cujo diagnóstico só recebi recentemente – se mostrava no fato de eu ter

extrema dificuldade em orar falando, e quando o fazia em público seguia fórmulas

que eu já havia estudado e percebido que funcionavam. Eu orava por escrito,

repetindo e atualizando textos bíblicos às minhas vivências. Quanto à sexualidade,

era um assunto inexistente em meu relacionamento com Deus, e isso afetava a forma

como eu enxergava Deus – um homem assexual. Assim, a sexualidade dificilmente

aparecia em minha hermenêutica e quando surgia, para fins de estudo em comunidade,

era repetição de falas de quem era considerado padrão sexual para o ambiente da Igreja.

Fiz seminário teológico, o curso de magistério (formação de professores) e cursei

a faculdade de Letras Português-Inglês. Aos 24 anos fui para Moçambique como

missionária. Ao todo, entre idas e vindas,

morei 4 anos em Moçambique, onde me encontrei em situação de extrema

vulnerabilidade. O foco de meu ensino, que hoje considero como colonizador e

opressor, era contra ‘heresias’ (falsos ensinos) e sincretismo religioso. Nesse contexto,

em meio à carência emocional, aos 28 anos de idade, conheci um nigeriano que

morava no país. Confundindo amor romântico com sexualidade, casei-me, sem ter noção

alguma do que envolvia um casamento. Todas as orientações que recebi a esse respeito

foram por parte de pastores da Igreja, que em momento algum me esclareceram de

fato como tudo devia funcionar.

Em minha lua-de-mel lembro de ter me assustado e dito vários ‘nãos’, mas não fui

ouvida e em menos de 3 minutos eu estava deitada com muita dor ao lado de alguém

dormindo como se nada tivesse acontecido. Chorei muito, mas na época eu entendia

– por causa do ensino da igreja - que era minha obrigação satisfazer meu marido, e

a cada relação, ainda que ele mais tarde começasse a demonstrar

interesse em me satisfazer, eu me sentia culpada, como se estivesse apenas encenando

um teatro para cumprir uma função social. Além de tudo isso, eu sentia que não podia

ser verdade que o sexo, algo tão enfatizado na sociedade, se resumisse a algo que me

causava dor, constrangimento, culpa, nojo e desprezo por mim mesma e pelo outro.

Durante o ano em que estive casada, sofri todo tipo de violência: física, psicológica,

patrimonial, emocional. Ao comunicar isso ao meu pastor na época, ele questionou

meu marido, que negou tudo, e o pastor me teve por mentirosa, situação que se

manteve. Doente física e emocional, somente consegui voltar ao Brasil pela

misericórdia de outro pastor que usou de seus próprios recursos para financiar

minha passagem. Retornei sozinha ao Brasil, com três malárias, anemia profunda e

em crises depressivas.

Num período de um ano, tentei suicídio três vezes, a última vez em meu primeiro

semestre de volta ao Brasil.

Me divorciei e, depois disso, foi um longo processo entre psicólogos, psiquiatras e

outras inúmeras especialidades médicas. Fiz faculdade de Teologia, Mestrado e

hoje sou doutoranda em Teologia. Decidi me desligar das instituições religiosas,

tanto eclesiásticas quanto missionárias, exatamente porque nelas

só encontrei abuso, manipulação e busca por poder. Nesse tempo é que conheci a

comunidade LGBTQIA+ e que entendi que havia pessoas assexuais. Aos poucos

fui me identificando como assexual e depois disso ainda recebi o diagnóstico tardio

de autismo.

Tudo isso me ajudou a compreender as maneiras pelas quais entendia Deus, a pessoa

do próprio Jesus como assexual, e minha necessidade de vivenciar a sexualidade

a fim de ser aceita socialmente e, principalmente, ser aceita na comunhão da

igreja. Assexualidade não é um assunto abordado, em nenhum local que frequentei

até hoje, e autismo também não. Por isso, minha caminhada tem sido solitária e, na

maior parte das vezes, incompreendida.

Optei por uma pesquisa desafiadora em meu doutorado, em torno da Deusa Asherah

e seu culto, tanto na Bíblia quanto na arqueologia, sob uma perspectiva diferenciada

metodologicamente. Nesse sentido, tenho me inclinado a constantemente desafiar

os padrões nos quais me conformei a vida toda, e tenho dedicado

meus dias a um ‘ministério de reparação’, a fim de desfazer os falsos ensinos que

espalhei por anos por onde passei.

Hoje me satisfaço em minha incompreensão de Deus, não mais tentando definí-lo,

da mesma forma que não tento mais me definir, nem permitindo que as estruturas

de pensamento e convenções sociais delimitem minha fé. Sou grata por viver plena

sozinha, sem necessidades sexuais, ainda que tenha amigos

a quem amo muito.

 

Angela Natel – Curitiba/Brasil.

Vamos caminhar juntos? 

https://apoia.se/angelanatel

 

Instagram:

https://www.instagram.com/angelanatel007/

 

Twitter:

https://twitter.com/AngelaNatel_

 

Website:

https://angelanatel.wordpress.com

 

Meu canal no Youtube:

https://www.youtube.com/channel/UC8OOyoQ5vZO-ip9ipz07UDw?view_as=subscriber

EN ESPAÑOL

Mi nombre es Ángela y tengo 41 años. Soy teóloga, lingüista, docente e

investigadora, autista y asexual.

Durante muchos años, gran parte de mi vida, viví bajo el estigma del distanciamiento.

Como me gustaba estudiar, desde niña, desvié la atención de la gente

hacia mi desempeño escolar, desviando la atención de

temas relacionados con la sexualidad y la interacción social.

Hoy, entiendo que la mayor parte de mi comportamiento consistió en

repetir patrones considerados "normales", tanto en términos de

socialización como de sexualidad. Entonces, comencé a jugar y a los

12 años besé solo en los labios por primera vez, ganando aceptación

en la escuela. Al mismo tiempo, en el ámbito religioso fui cada vez

más aclamado como ejemplo, ya que no me involucraba de forma

romántica ni sexual con nadie. Esto no significa que no me considerara

apasionada, ni romántica, y siempre he buscado el compañerismo y la

amistad profunda con las personas, independientemente de su

identidad sexual.

Así, a los 16 años ya era líder de un grupo de jóvenes y aproveché

la oportunidad para hablar sobre el compromiso de los jóvenes de

mantenerse sexualmente hasta el matrimonio. Entonces, fui un instrumento

de reglas fundamentalistas dentro de la institución religiosa,

repitiendo patrones de comportamiento considerados aceptables

dentro de estos entornos para encajar socialmente porque, de hecho, no sabía

cómo hacerlo.

Con respecto a mi relación con Dios, siempre ha estado marcada

por crisis existenciales, oraciones mecanicistas y nuevamente

por repeticiones de patrones. El autismo -cuyo diagnóstico recibí

recientemente- se demostró por el hecho de que tenía una dificultad

extrema para orar mientras hablaba, y cuando lo hacía en público

seguía fórmulas que ya había estudiado y encontré que funcionaban.

Oré por escrito, repitiendo y actualizando los textos bíblicos a

mis experiencias. En cuanto a la sexualidad, no era un problema

en mi relación con Dios y afectó la forma en que veía a Dios:

un hombre asexual.

Así, la sexualidad apenas apareció en mi hermenéutica y

cuando apareció, a los efectos del estudio comunitario, fue

una repetición de los discursos de quienes eran considerados

estándares sexuales para el entorno de la Iglesia.

Hice un seminario teológico, el curso de docencia (formación

de profesores) y asistí a la Facultad de Letras Portugués-

Inglés. A los 24 años fui a Mozambique como misionera.

En total, entre idas y venidas, viví 4 años en Mozambique,

donde me encontré en una situación de extrema vulnerabilidad.

El enfoque de mi enseñanza, que ahora considero colonizador

y opresor, estaba en contra de las "herejías" (falsas

enseñanzas) y el sincretismo religioso. En este contexto, en

medio de la privación emocional, a los 28

años, conocí a un nigeriano que vivía en el país. Confundiendo

el amor romántico con la sexualidad, me casé sin tener idea

de lo que implicaba un matrimonio. Todas las instrucciones

que recibí al respecto fueron de pastores de la Iglesia, quienes

nunca me explicaron realmente cómo debía funcionar todo.

20201118_135106.jpg

En mi luna de miel

recuerdo haber

estado asustada y haber

dicho varios

'no', pero no me

escucharon y en

menos de 3 minutos

estaba acostado

con un gran dolor

al lado de alguien

durmiendo como

si nada hubiera

pasado. Lloré mucho,

pero en ese

momento entendí -

por la enseñanza

de la iglesia - que era mi deber

satisfacer a mi esposo, y con cada

relación, aunque luego comenzó a

mostrar interés en satisfacerme, me

sentí culpable, como si estuviera

simplemente montar un teatro para

cumplir una función social. Además

de todo esto, sentí que no podía ser cierto

que el sexo, algo tan enfatizado en la

sociedad, se redujera a

algo que me causaba dolor, vergüenza, culpa, asco y

desprecio por mí y por el otro.

Durante el año que estuve casado, sufrí todo tipo de

violencia: física, psicológica, patrimonial, emocional.

Al comunicar esto a mi pastor en ese momento,

cuestionó a mi esposo, quien negó todo, y el pastor me

consideró una mentirosa, situación que se mantuvo.

Física y emocionalmente enferma, solo pude regresar

a Brasil gracias a la misericordia de otro pastor que

usó sus propios recursos para financiar mi pasaje.

Regresé a Brasil sola, con malaria, anemia profunda

y crisis depresivas. En un año, intenté suicidarme

tres veces, la última vez en mi primer semestre en Brasil.

Me divorcié, y después de eso, fue un largo proceso

entre psicólogos, psiquiatras e innumerables otras

especialidades médicas. Asistí a la universidad de

teología, a una maestría y hoy soy una estudiante de

doctorado en teología. Decidí desconectarme de las

instituciones religiosas, tanto eclesiásticas como

misioneras, precisamente porque en ellas solo

encontraba el abuso, la manipulación y la búsqueda del

poder. Durante ese tiempo, conocí a la comunidad

LGBTQIA + y entendí que había personas asexuales.

Poco a poco me fui identificando como asexual y

después de eso todavía recibí el diagnóstico tardío de

autismo.

Todo esto me ayudó a comprender las formas en

que entendía a Dios, la persona del mismo Jesús como

asexual, y mi necesidad de experimentar la

sexualidad para ser aceptada socialmente y, sobre todo, ser

aceptada en la comunión de la Iglesia. La

asexualidad no es un tema abordado, en ningún lugar al que

haya asistido hasta el día de hoy, y tampoco lo

es el autismo. Por lo tanto, mi caminar ha sido solitaria y,

en su mayor parte, incomprendido.

Opté por una investigación desafiante en mi

doctorado, en torno a la Diosa Asera y su culto, tanto en la

Biblia como en la arqueología, desde una

perspectiva metodológicamente diferente.

En ese sentido, me he inclinado a desafiar

constantemente los estándares a los que

me he conformado toda mi vida, y he

dedicado mis días a un 'ministerio de

reparación', con el fin de deshacer las

falsas enseñanzas que me he

difundido a lo largo de los años.

Hoy estoy satisfecha con mi incomprensión

de Dios, ya no intento definirlo, de la misma manera que ya

no intento definirme a mí misma, ni permitir

que estructuras de pensamiento y convenciones sociales

delimiten mi fe. Estoy agradecida de vivir

completamente sola, sin necesidades sexuales, aunque tengo

amigos y amigas a los que quiero mucho.

 

Vamos caminhar juntos? 

https://apoia.se/angelanatel

 

Instagram:

https://www.instagram.com/angelanatel007/

 

Twitter:

https://twitter.com/AngelaNatel_

 

Website:

https://angelanatel.wordpress.com

 

Meu canal no Youtube:

https://www.youtube.com/channel/UC8OOyoQ5vZO-ip9ipz07UDw?view_as=subscriber

 


Fonte: https://www.conefe.net/historias/angela-natel-hoy-estoy-satisfecha-con-mi-incomprensin-de-dios-ya-no-intento-definirlo

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Angela Natel: "Hoy estoy satisfecha con mi incomprensión de Dios, ya no intento definirlo"

 Meu nome é Angela e tenho 41 anos. Sou teóloga, linguista, professora e pesquisadora, autista e assexual.

Durante muitos anos, boa parte de minha vida, vivi sob o estigma do estranhamento.

Por gostar de

estudar, desde pequena desviei a atenção das pessoas para meu desempenho escolar,

tirando a

atenção das questões que envolviam sexualidade e interação social.

20201118_135050.jpg

Hoje entendo que

a maior parte

de meu comportamento

se resumia a repetir

padrões considerados

‘normais’, tanto no que

diz respeito à socialização

quanto à sexualidade.

Assim, entrei na brincadeira

e aos 12 anos dei um

beijo só de lábios pela

primeira vez, conquistando

a aceitação na escola.

Ao mesmo tempo, no

ambiente religioso

fui sendo cada vez mais

aclamada como exemplo,

uma vez que não

me envolvia de forma romântica

ou sexual com ninguém. Isso não

significa que eu não me

considerasse apaixonada, ou

romântica, e sempre busquei companheirismo e amizades profundas com as pessoas,

independentemente de sua identidade sexual.

Dessa maneira, aos 16 anos eu já era líder de grupo de jovens e aproveitada para

discursar sobre o compromisso dos jovens se guardarem sexualmente até o casamento.

Assim, fui instrumento de regras

fundamentalistas dentro da instituição religiosa, repetindo padrões de comportamento

considerados aceitáveis dentro desses ambientes a fim de me encaixar socialmente pois,

de fato, eu não sabia como fazê-lo.

No que diz respeito ao meu relacionamento com Deus, sempre foi muito marcado por

crises existenciais, orações mecanicistas e novamente por repetições de padrão. O

autismo – cujo diagnóstico só recebi recentemente – se mostrava no fato de eu ter

extrema dificuldade em orar falando, e quando o fazia em público seguia fórmulas

que eu já havia estudado e percebido que funcionavam. Eu orava por escrito,

repetindo e atualizando textos bíblicos às minhas vivências. Quanto à sexualidade,

era um assunto inexistente em meu relacionamento com Deus, e isso afetava a forma

como eu enxergava Deus – um homem assexual. Assim, a sexualidade dificilmente

aparecia em minha hermenêutica e quando surgia, para fins de estudo em comunidade,

era repetição de falas de quem era considerado padrão sexual para o ambiente da Igreja.

Fiz seminário teológico, o curso de magistério (formação de professores) e cursei

a faculdade de Letras Português-Inglês. Aos 24 anos fui para Moçambique como

missionária. Ao todo, entre idas e vindas,

morei 4 anos em Moçambique, onde me encontrei em situação de extrema

vulnerabilidade. O foco de meu ensino, que hoje considero como colonizador e

opressor, era contra ‘heresias’ (falsos ensinos) e sincretismo religioso. Nesse contexto,

em meio à carência emocional, aos 28 anos de idade, conheci um nigeriano que

morava no país. Confundindo amor romântico com sexualidade, casei-me, sem ter noção

alguma do que envolvia um casamento. Todas as orientações que recebi a esse respeito

foram por parte de pastores da Igreja, que em momento algum me esclareceram de

fato como tudo devia funcionar.

Em minha lua-de-mel lembro de ter me assustado e dito vários ‘nãos’, mas não fui

ouvida e em menos de 3 minutos eu estava deitada com muita dor ao lado de alguém

dormindo como se nada tivesse acontecido. Chorei muito, mas na época eu entendia

– por causa do ensino da igreja - que era minha obrigação satisfazer meu marido, e

a cada relação, ainda que ele mais tarde começasse a demonstrar

interesse em me satisfazer, eu me sentia culpada, como se estivesse apenas encenando

um teatro para cumprir uma função social. Além de tudo isso, eu sentia que não podia

ser verdade que o sexo, algo tão enfatizado na sociedade, se resumisse a algo que me

causava dor, constrangimento, culpa, nojo e desprezo por mim mesma e pelo outro.

Durante o ano em que estive casada, sofri todo tipo de violência: física, psicológica,

patrimonial, emocional. Ao comunicar isso ao meu pastor na época, ele questionou

meu marido, que negou tudo, e o pastor me teve por mentirosa, situação que se

manteve. Doente física e emocional, somente consegui voltar ao Brasil pela

misericórdia de outro pastor que usou de seus próprios recursos para financiar

minha passagem. Retornei sozinha ao Brasil, com três malárias, anemia profunda e

em crises depressivas.

Num período de um ano, tentei suicídio três vezes, a última vez em meu primeiro

semestre de volta ao Brasil.

Me divorciei e, depois disso, foi um longo processo entre psicólogos, psiquiatras e

outras inúmeras especialidades médicas. Fiz faculdade de Teologia, Mestrado e

hoje sou doutoranda em Teologia. Decidi me desligar das instituições religiosas,

tanto eclesiásticas quanto missionárias, exatamente porque nelas

só encontrei abuso, manipulação e busca por poder. Nesse tempo é que conheci a

comunidade LGBTQIA+ e que entendi que havia pessoas assexuais. Aos poucos

fui me identificando como assexual e depois disso ainda recebi o diagnóstico tardio

de autismo.

Tudo isso me ajudou a compreender as maneiras pelas quais entendia Deus, a pessoa

do próprio Jesus como assexual, e minha necessidade de vivenciar a sexualidade

a fim de ser aceita socialmente e, principalmente, ser aceita na comunhão da

igreja. Assexualidade não é um assunto abordado, em nenhum local que frequentei

até hoje, e autismo também não. Por isso, minha caminhada tem sido solitária e, na

maior parte das vezes, incompreendida.

Optei por uma pesquisa desafiadora em meu doutorado, em torno da Deusa Asherah

e seu culto, tanto na Bíblia quanto na arqueologia, sob uma perspectiva diferenciada

metodologicamente. Nesse sentido, tenho me inclinado a constantemente desafiar

os padrões nos quais me conformei a vida toda, e tenho dedicado

meus dias a um ‘ministério de reparação’, a fim de desfazer os falsos ensinos que

espalhei por anos por onde passei.

Hoje me satisfaço em minha incompreensão de Deus, não mais tentando definí-lo,

da mesma forma que não tento mais me definir, nem permitindo que as estruturas

de pensamento e convenções sociais delimitem minha fé. Sou grata por viver plena

sozinha, sem necessidades sexuais, ainda que tenha amigos

a quem amo muito.

 

Angela Natel – Curitiba/Brasil.

Vamos caminhar juntos? 

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Twitter:

https://twitter.com/AngelaNatel_

 

Website:

https://angelanatel.wordpress.com

 

Meu canal no Youtube:

https://www.youtube.com/channel/UC8OOyoQ5vZO-ip9ipz07UDw?view_as=subscriber

EN ESPAÑOL

Mi nombre es Ángela y tengo 41 años. Soy teóloga, lingüista, docente e

investigadora, autista y asexual.

Durante muchos años, gran parte de mi vida, viví bajo el estigma del distanciamiento.

Como me gustaba estudiar, desde niña, desvié la atención de la gente

hacia mi desempeño escolar, desviando la atención de

temas relacionados con la sexualidad y la interacción social.

Hoy, entiendo que la mayor parte de mi comportamiento consistió en

repetir patrones considerados "normales", tanto en términos de

socialización como de sexualidad. Entonces, comencé a jugar y a los

12 años besé solo en los labios por primera vez, ganando aceptación

en la escuela. Al mismo tiempo, en el ámbito religioso fui cada vez

más aclamado como ejemplo, ya que no me involucraba de forma

romántica ni sexual con nadie. Esto no significa que no me considerara

apasionada, ni romántica, y siempre he buscado el compañerismo y la

amistad profunda con las personas, independientemente de su

identidad sexual.

Así, a los 16 años ya era líder de un grupo de jóvenes y aproveché

la oportunidad para hablar sobre el compromiso de los jóvenes de

mantenerse sexualmente hasta el matrimonio. Entonces, fui un instrumento

de reglas fundamentalistas dentro de la institución religiosa,

repitiendo patrones de comportamiento considerados aceptables

dentro de estos entornos para encajar socialmente porque, de hecho, no sabía

cómo hacerlo.

Con respecto a mi relación con Dios, siempre ha estado marcada

por crisis existenciales, oraciones mecanicistas y nuevamente

por repeticiones de patrones. El autismo -cuyo diagnóstico recibí

recientemente- se demostró por el hecho de que tenía una dificultad

extrema para orar mientras hablaba, y cuando lo hacía en público

seguía fórmulas que ya había estudiado y encontré que funcionaban.

Oré por escrito, repitiendo y actualizando los textos bíblicos a

mis experiencias. En cuanto a la sexualidad, no era un problema

en mi relación con Dios y afectó la forma en que veía a Dios:

un hombre asexual.

Así, la sexualidad apenas apareció en mi hermenéutica y

cuando apareció, a los efectos del estudio comunitario, fue

una repetición de los discursos de quienes eran considerados

estándares sexuales para el entorno de la Iglesia.

Hice un seminario teológico, el curso de docencia (formación

de profesores) y asistí a la Facultad de Letras Portugués-

Inglés. A los 24 años fui a Mozambique como misionera.

En total, entre idas y venidas, viví 4 años en Mozambique,

donde me encontré en una situación de extrema vulnerabilidad.

El enfoque de mi enseñanza, que ahora considero colonizador

y opresor, estaba en contra de las "herejías" (falsas

enseñanzas) y el sincretismo religioso. En este contexto, en

medio de la privación emocional, a los 28

años, conocí a un nigeriano que vivía en el país. Confundiendo

el amor romántico con la sexualidad, me casé sin tener idea

de lo que implicaba un matrimonio. Todas las instrucciones

que recibí al respecto fueron de pastores de la Iglesia, quienes

nunca me explicaron realmente cómo debía funcionar todo.

20201118_135106.jpg

En mi luna de miel

recuerdo haber

estado asustada y haber

dicho varios

'no', pero no me

escucharon y en

menos de 3 minutos

estaba acostado

con un gran dolor

al lado de alguien

durmiendo como

si nada hubiera

pasado. Lloré mucho,

pero en ese

momento entendí -

por la enseñanza

de la iglesia - que era mi deber

satisfacer a mi esposo, y con cada

relación, aunque luego comenzó a

mostrar interés en satisfacerme, me

sentí culpable, como si estuviera

simplemente montar un teatro para

cumplir una función social. Además

de todo esto, sentí que no podía ser cierto

que el sexo, algo tan enfatizado en la

sociedad, se redujera a

algo que me causaba dolor, vergüenza, culpa, asco y

desprecio por mí y por el otro.

Durante el año que estuve casado, sufrí todo tipo de

violencia: física, psicológica, patrimonial, emocional.

Al comunicar esto a mi pastor en ese momento,

cuestionó a mi esposo, quien negó todo, y el pastor me

consideró una mentirosa, situación que se mantuvo.

Física y emocionalmente enferma, solo pude regresar

a Brasil gracias a la misericordia de otro pastor que

usó sus propios recursos para financiar mi pasaje.

Regresé a Brasil sola, con malaria, anemia profunda

y crisis depresivas. En un año, intenté suicidarme

tres veces, la última vez en mi primer semestre en Brasil.

Me divorcié, y después de eso, fue un largo proceso

entre psicólogos, psiquiatras e innumerables otras

especialidades médicas. Asistí a la universidad de

teología, a una maestría y hoy soy una estudiante de

doctorado en teología. Decidí desconectarme de las

instituciones religiosas, tanto eclesiásticas como

misioneras, precisamente porque en ellas solo

encontraba el abuso, la manipulación y la búsqueda del

poder. Durante ese tiempo, conocí a la comunidad

LGBTQIA + y entendí que había personas asexuales.

Poco a poco me fui identificando como asexual y

después de eso todavía recibí el diagnóstico tardío de

autismo.

Todo esto me ayudó a comprender las formas en

que entendía a Dios, la persona del mismo Jesús como

asexual, y mi necesidad de experimentar la

sexualidad para ser aceptada socialmente y, sobre todo, ser

aceptada en la comunión de la Iglesia. La

asexualidad no es un tema abordado, en ningún lugar al que

haya asistido hasta el día de hoy, y tampoco lo

es el autismo. Por lo tanto, mi caminar ha sido solitaria y,

en su mayor parte, incomprendido.

Opté por una investigación desafiante en mi

doctorado, en torno a la Diosa Asera y su culto, tanto en la

Biblia como en la arqueología, desde una

perspectiva metodológicamente diferente.

En ese sentido, me he inclinado a desafiar

constantemente los estándares a los que

me he conformado toda mi vida, y he

dedicado mis días a un 'ministerio de

reparación', con el fin de deshacer las

falsas enseñanzas que me he

difundido a lo largo de los años.

Hoy estoy satisfecha con mi incomprensión

de Dios, ya no intento definirlo, de la misma manera que ya

no intento definirme a mí misma, ni permitir

que estructuras de pensamiento y convenciones sociales

delimiten mi fe. Estoy agradecida de vivir

completamente sola, sin necesidades sexuales, aunque tengo

amigos y amigas a los que quiero mucho.

 

Vamos caminhar juntos? 

https://apoia.se/angelanatel

 

Instagram:

https://www.instagram.com/angelanatel007/

 

Twitter:

https://twitter.com/AngelaNatel_

 

Website:

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Fonte: https://www.conefe.net/historias/angela-natel-hoy-estoy-satisfecha-con-mi-incomprensin-de-dios-ya-no-intento-definirlo