Traduzir é criar pontes
É atravessar a barreira de si mesmo
É sair de si para ouvir o outro.
Traduzir é silenciar, sim
Para aprender, para enxergar
Com outro olhar.
Traduzir não é domesticar ideias
Ao próprio entendimento
Não é manter o conforto de uma tradução etnocêntrica
Moldada à própria cultura.
Traduzir é calar para ouvir, para aprender
E compreender de forma diferente.
Traduzir é ampliar visões e jeitos de entender
É sempre estar aberto a novas possibilidades.
Traduzir não é reconhecer a hegemonia do eu
Nem supervalorizar as formas e maneiras próprias de ser.
Traduzir é aproximar pela ida ao encontro
Não colonizar.
Traduzir não é fazer missão/colonização.
Não é usar de uma desculpa de valorização da cultura
A fim de convencê-la de algo.
Traduzir é encarnação, é morte de si.
Traduzir é renúncia e abnegação.
Por isso, aos tradutores que não buscam convencer o outro a
encaixar-se em seus sistemas
Aos que não priorizam a própria cosmovisão
Em detrimento daquilo que podem aprender com o diferente
Aos que mantém o sagrado do outro com respeito e reverência
Sem impor, sem condicionar, sem usar de palavras pejorativas
praquilo que não concorda
Ou não compreende,
A esses tradutores,
Feliz dia Internacional do tradutor
Que a voz do outro seja ouvida
Que o diferente de mim se manifeste em sua plenitude,
E que eu, com meus códigos, máscaras e convenções
Esvazie-me de mim mesma a fim de transcender.
Angela Natel – 30/09/2020
Dica de livro:
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