Mas não gozamos dos mesmos privilégios.
Tem branco que usa preto pra se defender de acusação de racismo
- tenho amigo preto -
E tem burguês que usa quilombola e indígena como desculpa pra falta de seu luxo - tenho parente quilombola -
E usam experiências pessoais dessa gente prá deslegitimar suas causas.
E tem homem que usa e expõe mulher prá se sentir mais homem e mais santo.
E tem gente que usa a vida e a história de pessoas com deficiência pra se sentir melhor, pra ser motivado e agradecido na vida, numa prostituição de imagem, vendendo a história alheia como remédio de satisfação e emoção própria.
E ainda tem os que usam as pessoas da comunidade LGBTQI+ pra promover seus movimentos, ministérios e candidaturas políticas.
Lacram postagens envolvendo as pautas dessa comunidade prá angariar seguidores, likes e votos.
No fim das contas, estamos todos no mesmo tabuleiro, mas não gozamos dos mesmos privilégios.
Uns usam, outros são usados, e as imagens e as vidas das pessoas se tornam meios de autopromoção.
E assim se usa o outro pra se conseguir o que quer, pra manutenção de uma imagem, prá se parecer gente, pra fazer dinheiro, fama e poder..
Mas desumanizando nos tornamos monstros e demônios uns dos outros nesse tabuleiro do jogo que as pessoas jogam.
Usando, manipulando, objetificando, sugando até o último suspiro a vida de quem é considerado inferior.
O mesmo tabuleiro, mas com peças marcadas para serem usadas em favor de outras, até que a morte os tire do jogo.
Angela Natel - 06/07/2020 - @angelanatel007
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