quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
A 𝙁𝙚𝙡𝙞𝙘𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙣𝙤 𝙉𝙤𝙫𝙤 𝙏𝙚𝙨𝙩𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 (𝙤𝙪: 𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙙𝙚𝙞𝙭𝙖 𝙛𝙚𝙡𝙞𝙯 [𝙙𝙚 𝙫𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚] 𝙪𝙢 𝙘𝙧𝙞𝙨𝙩ã𝙤 [𝙫𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚𝙞𝙧𝙤])
"Um termo muito usado para a palavra "feliz" é, no Novo Testamento, o termo grego μακάριος.
O termo μακάριος na Septuaginta é a tradução do vocábulo hebraico ‘ašrê (אַ֥שְֽׁרֵי), que também é colocado em construções predicativas.
Os macarismos do Antigo Testamento Grego são utilizados para fazer alusão à felicidade secular, referindo-se aos bens terrenos (Gênesis 30.13; 1 Reis 10.8; Salmo 126.5; 4 Macabeus 18. 9). Tais usos raramente apontam para uma felicidade eternal ou religiosa, e raramente é alusivo a um acontecimento messiânico futuro. Isso acontece apenas, provavelmente, em Isaías 31.9.
A presença dos macarismos em textos sapienciais tem uma função parenética (Provérbios 3.13; Sirácida 14.1; 25.8; 26.1; Salmo 40.2). O caráter exortativo também não deve ser negligenciado no louvor da piedade e do temor de Deus (Salmo 1.1; 40.2; Provérbios 8.34; 28.14). Eventualmente, o macarismo é reforçado pela promessa inclusa na referência paradoxal ao sofrimento de indivíduos piedosos (Jó 5.17; Daniel 12.12; Tobias 13.16; 4 Macabeus 7.22), que perdura mesmo após o martírio (4 Macabeus 7.15; 10.15). Em alguns casos, o macarismo é utilizado em alusão a uma esperança de felicidade eterna (4 Macabeus 17.18; 18.19), e por isso, aparecem na apocalíptica judaica (Salmos de Salomão 17.15; 1 Enoque 58.2).
O termo μακάριoς aparece no Novo Testamento 50 vezes, sendo 13 no evangelho de Mateus (dessas, 9 ocorrências são no Sermão da Montanha) e 15 em Lucas. Em Paulo, são 4 ocorrências; nas Pastorais, 3; nas Epístolas Gerais, 4; em João, 2; e em Atos, 2.
O sentido do termo é “feliz” ou “bem-aventurado”; porém, no Novo Testamento, os sentidos variam conforme os contextos de uso. Em Atos dos apóstolos, o sentido de μακάριoς é “afortunado”: Paulo considera a si mesmo um afortunado de poder se defender diante do rei Agripa (Atos 16.2). No dito de Atos 20.35, o sentido é de “bem-aventurado” (“mais bem-aventurado é dar do que receber”). Tal construção comparativa …μακάριόν ἐστιν μᾶλλον... ἢ [...mais bem-aventurado é... do que...] é transformada, em Paulo, em um comparativo de superioridade (μακαριωτέρα... ἐστιν [mais bem-aventurado é]) em 1 Coríntios 7.40.
Os demais usos na literatura paulina tem relação com a seção de macarismos sucessivos (Romanos 4.7-9); ou com aforismas compostos por …μακάριος ὁ... [bem-aventurado (é) o que] (Romanos 14.22); ou com o termo como epíteto divino (1 Timóteo 1.11, 6.15 e Tito 2.13).
Nos evangelhos, o termo μακάριος é usado preferencialmente em relação a pessoas, não a Deus. O macarismo típico dos evangelhos é caracterizado pela omissão de ἐστίν caso seja alusivo à terceira pessoa, indicando assim uma “condição” (Mateus 5.3-10); ou em segunda pessoa (Lucas 6.20-22), sendo uma declaração da condição bem-aventurada do(s) interlocutor(es).
O caráter parenético das cláusulas contendo o termo μακάριος no Novo Testamento revela a motivação escatológica do uso da fórmula. O termo μακάριος também pode fazer alusão às partes do corpo humano, indicando que elas são abençoadas (Mateus 13.16, Lucas 10.23, 11.27).
O macarismo de Mateus 11.6, na terceira pessoa do singular, aparece também em Lucas 7.23 também. Ambos parecem pertencer à Fonte de Ditos (chamada de fonte Q), e depende de textos do Antigo Testamento como Isaías 35.5-6 e Isaías 61.1. Logo, o termo é alusivo ao tempo da salvação, sendo designativo da sua expectativa e realização. Uma vez que o macarismo é alusivo a ouvir e ver as palavras e ações de Jesus, ele também, dado seu teor escatológico, é orientado de um modo futurista-escatológico – a salvação futura é concedida àqueles que não rejeitam a afirmação de Jesus.
E que afirmação Jesus faz em Mateus 11.6?
Jesus afirma: καὶ μακάριός ἐστιν ὃς ἐὰν μὴ σκανδαλισθῇ ἐν ἐμοί. [E bem-aventurado é quem não pode ser escandalizado em mim.]
Ora: aquele que não tropeça nele é bem-aventurado.
E quando tropeçamos nele?
ὁ Ἰησοῦς εἶπεν αὐτοῖς·
πορευθέντες
ἀπαγγείλατε Ἰωάννῃ
ἃ ἀκούετε
καὶ βλέπετε
τυφλοὶ ἀναβλέπουσιν
καὶ χωλοὶ περιπατοῦσιν,
λεπροὶ καθαρίζονται
καὶ κωφοὶ ἀκούουσιν,
καὶ νεκροὶ ἐγείρονται
καὶ πτωχοὶ εὐαγγελίζονται.
[Jesus disse para eles:
indo,
anunciai para João
as coisas que ouvistes
e vedes:
cegos recuperam a visão
e coxos caminham,
leprosos são purificados
e surdos ouvem,
e mortos levantam
e pobres são evangelizados.]
(Mateus 11.4-5)
Ou seja: a alegria dos [verdadeiros] cristãos é a ação que dá fim ao sofrimento. É no cessar da dor do próximo que Jesus é reconhecido.
Então, eu devo concluir que os cristãos que ficam felizes com a morte das pessoas, com as doenças das pessoas, com a ruína das pessoas, com o fracasso das pessoas, com a desigualdade, com o preconceito, com o racismo... Não encontraram a Cristo: encontraram alguma coisa estranha que se identifica com Jesus, mas não é ele.
Mais explicitamente, dizendo sobre as agruras do nosso tempo: cristãos que ignoram os problemas de saúde pública, que colocam a defesa de seus interesses políticos acima do cuidado com a vida, esses tais tropeçaram em Jesus e caíram na vala da incompreensão de quem ele é.
Cristãos que militam na doutrina do ódio chamando isso de zelo doutrinário, são mais próximos dos fariseus do que de Jesus. Cristãos que misturam O Messias com "outros Messias", e demonstram felicidade com os xingamentos e com as grosserias, com a necropolítica e com o ódio travestido de "zelo contra a corrupção", se perderam no caminho.
Não é por acaso que cristãos assim não são felizes: eles não revelam alegria porque não a têm. As risadas e sorrisos que eles dão são a satisfação de se sentirem moralmente melhores que o resto do mundo que os cerca, mas isso é um embuste. Eles não entenderam nada do cristianismo.
Afinal, a alegria [verdadeira] de um cristão [de verdade] aparece quando ele contempla a vida boa para todos os homens e mulheres. Quem se alegra com lacração, faz arminha, acha que bandido bom é bandido morto e culpa pobres e doentes pela sua condição tropeçou em Jesus e caiu na vala da intolerância. Esse tal diz que é cristão, mas se perdeu no caminho. Para ele, vale a advertência do Salmo 1:
"Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores."
Acorda, povo de Deus. Chega de arminha, chega de messianismo barato, chega de cinismo e de semear discórdia por aí por causa de político falsamente convertido. A Igreja Evangélica Brasileira se perdeu, e precisa reencontrar o Caminho (a Verdade e a Vida) - antes que seja tarde... Afinal: conhecereis a verdade e a verdade (sem fake news) vos libertará, disse Jesus.
Eis a verdade: quem está ensinando violência, gritos, xingamentos, intolerância, agressividade aos cristãos está subvertendo o evangelho em nome de transformar cristãos em militantes. E quem ensina isso está LUCRANDO!"
Brian Kibuuka
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A 𝙁𝙚𝙡𝙞𝙘𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙣𝙤 𝙉𝙤𝙫𝙤 𝙏𝙚𝙨𝙩𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 (𝙤𝙪: 𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙙𝙚𝙞𝙭𝙖 𝙛𝙚𝙡𝙞𝙯 [𝙙𝙚 𝙫𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚] 𝙪𝙢 𝙘𝙧𝙞𝙨𝙩ã𝙤 [𝙫𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚𝙞𝙧𝙤])
"Um termo muito usado para a palavra "feliz" é, no Novo Testamento, o termo grego μακάριος.
O termo μακάριος na Septuaginta é a tradução do vocábulo hebraico ‘ašrê (אַ֥שְֽׁרֵי), que também é colocado em construções predicativas.
Os macarismos do Antigo Testamento Grego são utilizados para fazer alusão à felicidade secular, referindo-se aos bens terrenos (Gênesis 30.13; 1 Reis 10.8; Salmo 126.5; 4 Macabeus 18. 9). Tais usos raramente apontam para uma felicidade eternal ou religiosa, e raramente é alusivo a um acontecimento messiânico futuro. Isso acontece apenas, provavelmente, em Isaías 31.9.
A presença dos macarismos em textos sapienciais tem uma função parenética (Provérbios 3.13; Sirácida 14.1; 25.8; 26.1; Salmo 40.2). O caráter exortativo também não deve ser negligenciado no louvor da piedade e do temor de Deus (Salmo 1.1; 40.2; Provérbios 8.34; 28.14). Eventualmente, o macarismo é reforçado pela promessa inclusa na referência paradoxal ao sofrimento de indivíduos piedosos (Jó 5.17; Daniel 12.12; Tobias 13.16; 4 Macabeus 7.22), que perdura mesmo após o martírio (4 Macabeus 7.15; 10.15). Em alguns casos, o macarismo é utilizado em alusão a uma esperança de felicidade eterna (4 Macabeus 17.18; 18.19), e por isso, aparecem na apocalíptica judaica (Salmos de Salomão 17.15; 1 Enoque 58.2).
O termo μακάριoς aparece no Novo Testamento 50 vezes, sendo 13 no evangelho de Mateus (dessas, 9 ocorrências são no Sermão da Montanha) e 15 em Lucas. Em Paulo, são 4 ocorrências; nas Pastorais, 3; nas Epístolas Gerais, 4; em João, 2; e em Atos, 2.
O sentido do termo é “feliz” ou “bem-aventurado”; porém, no Novo Testamento, os sentidos variam conforme os contextos de uso. Em Atos dos apóstolos, o sentido de μακάριoς é “afortunado”: Paulo considera a si mesmo um afortunado de poder se defender diante do rei Agripa (Atos 16.2). No dito de Atos 20.35, o sentido é de “bem-aventurado” (“mais bem-aventurado é dar do que receber”). Tal construção comparativa …μακάριόν ἐστιν μᾶλλον... ἢ [...mais bem-aventurado é... do que...] é transformada, em Paulo, em um comparativo de superioridade (μακαριωτέρα... ἐστιν [mais bem-aventurado é]) em 1 Coríntios 7.40.
Os demais usos na literatura paulina tem relação com a seção de macarismos sucessivos (Romanos 4.7-9); ou com aforismas compostos por …μακάριος ὁ... [bem-aventurado (é) o que] (Romanos 14.22); ou com o termo como epíteto divino (1 Timóteo 1.11, 6.15 e Tito 2.13).
Nos evangelhos, o termo μακάριος é usado preferencialmente em relação a pessoas, não a Deus. O macarismo típico dos evangelhos é caracterizado pela omissão de ἐστίν caso seja alusivo à terceira pessoa, indicando assim uma “condição” (Mateus 5.3-10); ou em segunda pessoa (Lucas 6.20-22), sendo uma declaração da condição bem-aventurada do(s) interlocutor(es).
O caráter parenético das cláusulas contendo o termo μακάριος no Novo Testamento revela a motivação escatológica do uso da fórmula. O termo μακάριος também pode fazer alusão às partes do corpo humano, indicando que elas são abençoadas (Mateus 13.16, Lucas 10.23, 11.27).
O macarismo de Mateus 11.6, na terceira pessoa do singular, aparece também em Lucas 7.23 também. Ambos parecem pertencer à Fonte de Ditos (chamada de fonte Q), e depende de textos do Antigo Testamento como Isaías 35.5-6 e Isaías 61.1. Logo, o termo é alusivo ao tempo da salvação, sendo designativo da sua expectativa e realização. Uma vez que o macarismo é alusivo a ouvir e ver as palavras e ações de Jesus, ele também, dado seu teor escatológico, é orientado de um modo futurista-escatológico – a salvação futura é concedida àqueles que não rejeitam a afirmação de Jesus.
E que afirmação Jesus faz em Mateus 11.6?
Jesus afirma: καὶ μακάριός ἐστιν ὃς ἐὰν μὴ σκανδαλισθῇ ἐν ἐμοί. [E bem-aventurado é quem não pode ser escandalizado em mim.]
Ora: aquele que não tropeça nele é bem-aventurado.
E quando tropeçamos nele?
ὁ Ἰησοῦς εἶπεν αὐτοῖς·
πορευθέντες
ἀπαγγείλατε Ἰωάννῃ
ἃ ἀκούετε
καὶ βλέπετε
τυφλοὶ ἀναβλέπουσιν
καὶ χωλοὶ περιπατοῦσιν,
λεπροὶ καθαρίζονται
καὶ κωφοὶ ἀκούουσιν,
καὶ νεκροὶ ἐγείρονται
καὶ πτωχοὶ εὐαγγελίζονται.
[Jesus disse para eles:
indo,
anunciai para João
as coisas que ouvistes
e vedes:
cegos recuperam a visão
e coxos caminham,
leprosos são purificados
e surdos ouvem,
e mortos levantam
e pobres são evangelizados.]
(Mateus 11.4-5)
Ou seja: a alegria dos [verdadeiros] cristãos é a ação que dá fim ao sofrimento. É no cessar da dor do próximo que Jesus é reconhecido.
Então, eu devo concluir que os cristãos que ficam felizes com a morte das pessoas, com as doenças das pessoas, com a ruína das pessoas, com o fracasso das pessoas, com a desigualdade, com o preconceito, com o racismo... Não encontraram a Cristo: encontraram alguma coisa estranha que se identifica com Jesus, mas não é ele.
Mais explicitamente, dizendo sobre as agruras do nosso tempo: cristãos que ignoram os problemas de saúde pública, que colocam a defesa de seus interesses políticos acima do cuidado com a vida, esses tais tropeçaram em Jesus e caíram na vala da incompreensão de quem ele é.
Cristãos que militam na doutrina do ódio chamando isso de zelo doutrinário, são mais próximos dos fariseus do que de Jesus. Cristãos que misturam O Messias com "outros Messias", e demonstram felicidade com os xingamentos e com as grosserias, com a necropolítica e com o ódio travestido de "zelo contra a corrupção", se perderam no caminho.
Não é por acaso que cristãos assim não são felizes: eles não revelam alegria porque não a têm. As risadas e sorrisos que eles dão são a satisfação de se sentirem moralmente melhores que o resto do mundo que os cerca, mas isso é um embuste. Eles não entenderam nada do cristianismo.
Afinal, a alegria [verdadeira] de um cristão [de verdade] aparece quando ele contempla a vida boa para todos os homens e mulheres. Quem se alegra com lacração, faz arminha, acha que bandido bom é bandido morto e culpa pobres e doentes pela sua condição tropeçou em Jesus e caiu na vala da intolerância. Esse tal diz que é cristão, mas se perdeu no caminho. Para ele, vale a advertência do Salmo 1:
"Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores."
Acorda, povo de Deus. Chega de arminha, chega de messianismo barato, chega de cinismo e de semear discórdia por aí por causa de político falsamente convertido. A Igreja Evangélica Brasileira se perdeu, e precisa reencontrar o Caminho (a Verdade e a Vida) - antes que seja tarde... Afinal: conhecereis a verdade e a verdade (sem fake news) vos libertará, disse Jesus.
Eis a verdade: quem está ensinando violência, gritos, xingamentos, intolerância, agressividade aos cristãos está subvertendo o evangelho em nome de transformar cristãos em militantes. E quem ensina isso está LUCRANDO!"
Brian Kibuuka
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