Nunca os espaços vazios foram
tão celebrados:
Da multidão de deuses fui
esvaziado
E de todo narcisismo curado.
Das algemas da escravidão fui
liberto
e uma cidade inteira de
escravos virou deserto.
Esse é o Deus que se encontra
no inimaginável:
Nos espaços vazios, na dor,
Na pena de morte mediante uma
cruz.
Deus abscôndito, incomparável.
O Deus que se despiu de Sua
glória,
e que demonstrava falta de
beleza,
aquele que se sentiu
abandonado
e que não tinha onde reclinar a
cabeça.
Eis onde Deus se manifesta:
No despido, feio, abandonado,
No sem teto, sem chão e sem
abrigo
E também no marginalizado.
E em meio a tantas faltas
Ainda houve um túmulo vazio
Tal qual abismo chamando outro
abismo
A desesperança não subsistiu.
O Deus que esvazia as prisões
do meu coração
Esvazia também minh’alma do
desespero
E como aquele túmulo – onde só
havia morte –
Faz nascer em mim sua nova
criação.
Sim, Cristo despiu-me de
vergonha,
Limpou o caminho à minha
frente.
Arrancou-me as feridas da alma
E calou a voz que me acusava.
Ele apagou o fogo da desilusão
E derrotou o poder do inimigo.
Fez
cair por terra todo grilhão
E
calou-me com o seu sorriso.
Sim, Cristo deixou um grande
vazio
Foram-se a dor, a vergonha e o
medo
Cristo passou e deixou seu
rastro
Um coração perdoado...
E, assim, anulou-se o espaço
que existia entre nós
E caiu o muro da separação
Temos paz com Deus mediante
Cristo
E também paz com nossos
irmãos.
Nunca os espaços vazios foram
tão celebrados:
Uma cidade inteira cujos
escravos foram libertos,
Um túmulo vazio,
Um coração perdoado...
Feliz Páscoa a você que
celebra o vazio das prisões, a falta de amargura e de correntes que nos
prendam, o silêncio que um sorriso no canto da boca provoca.
Nosso Redentor vive! Vamos
celebrar! Angela Natel
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