“Assim como foi
nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do Homem: comiam, bebiam,
casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o
dilúvio e destruiu a todos.
O mesmo aconteceu
nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
mas, no dia em que
Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a todos.” (Lc. 17:26
a 29)
“Respondendo-lhe
Pedro, disse: Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas.” (Mt.
14:28)
O mundo que nos cerca constantemente
nos faz pensar que estamos vivendo os dias apocalípticos preditos por Jesus na
passagem de Lucas acima. Por causa disso, líderes cristãos no mundo todo estão
sendo compelidos a pregar mais ousadamente no que diz respeito a desafiar as
pessoas (principalmente jovens) para o trabalho missionário. Mas a grande
pergunta é: O chamado missionário é necessário para quem?
A televisão é apenas mais um meio de
termos as provas do fim de nossos dias. Há guerra e rumores de guerra por todos
os lados. Israel (mesmo para quem não dá muita importância para esse país e
esse povo) tem chamado a atenção no cenário mundial. A cada dia que passa surge
maior necessidade de um líder mundial que unifique o pensamento, a política e a
economia do mundo a fim de salvar o que sobrou da humanidade. Estamos
presenciando um caos generalizado. O mundo precisa de ajuda.
Como nos dias de Noé e de Ló
assistimos inquietos a depravação humana mobilizada em atos públicos a
influenciar gratuitamente nossos filhos. Perdemos, como Igreja, muitas vezes o
sono e a voz ao tentar mudar o destino de nossa cidade, nossa nação, na
esperança de ser “uma voz que clama no deserto”, como foi a voz de Noé e a voz
de Abraão – o intercessor (Gn. 18) na época de Ló. Mas o que tememos nos
sobrevém: poucos ouvem, e a história se repete. A Igreja precisa ser ouvida.
É por isso que surge, entre os
líderes que se chamam pelo nome do Senhor, um clamor dentro das Igrejas, desafiando
aqueles cujo coração arde pela transformação de nossa geração. São os apelos
missionários – desafios para as pessoas (principalmente aqueles de quem se
espera que vivam mais – os jovens) abrirem mão de suas famílias, seus bens e
seu conforto a fim de seguir para um lugar onde a necessidade da Palavra de
Deus e da pregação do Evangelho se mostre mais urgente. Com isso, nossas
igrejas têm assumido uma responsabilidade há muito esquecida – a de ser
testemunha simultaneamente “ tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia, Samaria,
até os confins da terra” (At. 1:8). Os cristãos precisam obedecer.
A partir disso, temos três
personagens em nossa história do fim: o mundo afundado no pecado, a Igreja
cristã como um todo e, em terceiro lugar, individualmente, cada cristão. Quem precisa
desesperadamente que haja um chamado missionário? Quem precisa desse chamado?
Nos anos que o Senhor tem me dado de
preparo e tantas experiências dentro e fora do Brasil, sou constrangida a dizer
que quem mais precisa da urgência de um chamado sou eu, individualmente, como
cristã.
O mundo não precisa de nós. O mundo
precisa de Jesus, e Ele mesmo pode Se revelar sobrenaturalmente aos perdidos,
como já fez em várias ocasiões. A Igreja como um todo não precisa ser bem
sucedida em seus gritos de “Arrependam-se”. Sucesso nunca foi uma questão no
Reino de Deus, fidelidade sim.
Então
resta cada um de nós, cristãos, que afirmamos ter um único Senhor, Jesus, como
Rei e dono de nossas vidas. Nós sim, precisamos desesperadamente de um chamado,
como Pedro dentro daquele barco no meio da madrugada, a dizer: “Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as
águas” (Mt. 14:28), nós precisamos urgentemente do chamado do Senhor.
Precisamos desse chamado, não para fazer um favor para Deus, nem para o mundo, nem
aliviar a consciência de nossos líderes ou Igrejas, mas precisamos desse
chamado para, como Pedro, reconhecer quem é o Senhor no meio de tudo o que nos
cerca.
Como nos dias de Noé ou nos dias de Ló, tudo ao redor
deles cheirava maldade e engano, era difícil perceber a ação soberana de Deus
ou mesmo reconhecer quem Deus era a despeito de toda aquela realidade. E, na
madrugada dentro do barco, Pedro sentiu a necessidade de reconhecer Jesus a
despeito da escuridão que o cercava. Ele precisava de um chamado, precisava de
um chamado para ir ao encontro de Jesus, e tocá-lO.
Hoje, mais do que em qualquer época de minha vida,
percebo o quanto o chamado missionário vem cumprir seu propósito quando, em
meio a tudo o que me parece estranho, vejo Jesus como nunca O vi antes, o
conheço de uma forma que em lugar nenhum no mundo eu poderia conhecê-lO, vejo-O
ao andar sobre as águas, ao sair do meu barco, vencer meus medos e responder
Seu chamado.
É disso que, como cristãos, precisamos. O mundo não
precisa de nós, Deus mesmo não precisa de nós, nós é que precisamos desse
chamado do Senhor. Por isso eu desafio você a se colocar diante do Filho de
Deus hoje e dizer como Pedro: “Se és tu,
Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas”, para onde for, da maneira
que for, mostra-me o teu chamado para mim, e eu irei te encontrar lá.
Angela
Natel
14/11/06
– Tete - Moçambique
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