segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Descredo


Não creio no deus que criou apenas aquilo que considero santo e bom, deus limitado e explicável por sua criação.
Não creio no deus que precisa ser apaziguado para comigo se relacionar, limitado em seu poder de acordo com a vontade e ação humana, que depende da oração para intervir, que não pode fazer algo se um crente não der o primeiro passo.
Não creio no deus que só está onde é louvado, cuja presença depende do ambiente, do preparo, da ação e reação humana, deus que depende de mim, de minha semeadura, daquilo que faço ou deixo de fazer para que possa agir.
Não creio no deus cujo conhecimento é limitado àquilo que lhe confesso.
Não creio no cristo que não se identifica com o ser humano, que faz questão de estar sempre por cima.
Nem no cristo que me serve, que está 24h/dia disposto a realizar meus sonhos e desejos, a conceder todos os desígnios do meu coração.
Não creio no cristo que não incomoda o sistema político por dizer que seu Reino não é deste mundo, que defende e exalta patriotismo e nacionalidade, um cristo cuja pátria está aqui na terra, que serve à minha ideologia política, que é slogan de candidato, nem no cristo que toma partido a fim de respaldar poder de uns sobre os outros, que compactua com violência e exploração.
Não creio no cristo que prefere matar a morrer, que não dá a outra face, que se cansa de perdoar, no cristo que julga pela aparência, que é rápido em denunciar, que não ouve antes de falar, o cristo sem cruz, que foge do sofrimento, que defende seus direitos e vive de triunfalismo.
Não creio no cristo que não contraria as picuinhas religiosas e moralistas dos crentes, que se preocupa com a moral e os bons costumes, nem naquele que atenta em provar a si mesmo diante das pessoas. Nem no cristo que não vê humanidade em toda e qualquer pessoa, que demoniza gente, que quer saber cada detalhe da biografia do caído no caminho para saber se vale a pena socorrê-lo, que dá voz e microfone a demônio, que exclui pessoas e vem para condenar.
Não creio no cristo que privilegia denominações e detentores da Ortodoxia para conceder seu favor, que só trabalha com quem segue uma cartilha, uma caixinha denominacional, nem no cristo que permanece morto, deixando nas mãos daqueles que dizem levar seu nome toda a responsabilidade de sua vontade na terra, o cristo ausente e inerte na missão, ou preso às nossas estratégias e programações.
Não creio no cristo da desesperança, da condenação, do medo, da chantagem, que barganha salvação, que vende benção e prosperidade, que troca favores por uma hora, um evento, uma noite de oração.
Não creio no cristo que tem medo das pessoas em vez de amá-las, que nos deixou ao “deus dará”, que nos dá carta branca para dizer qualquer asneira em seu nome, nem no que justifica clubes com nomes de igrejas e organizações cristãs, no cristo que é demonstrado por elas.
Não creio no cristo cuja história ignoro, cujos fatos faço questão de não conhecer, no cristo a respeito de quem só ouço falar.
Não creio no cristo que convive pacificamente com Mamom, que precisa de dinheiro, que põe preço em sua criação, que dá e recebe dinheiro num sistema de perdas e lucro, que forma juízes e não discípulos, que envergonha os pobres e privilegia os ricos.
Não creio que ficaremos impunes por seguir e adorar estes falsos cristos.
Não creio no espírito que muitos chamam “santo”, que mais parece uma energia impessoal, cujo objetivo é atrair a atenção para espetáculos pirotécnicos de poder e ilusão.
Não creio na santidade da igreja instituição, nem na falsa unidade por ela apregoada a fim de manter aparências. Não creio que alguma linha teológica específica, doutrina ou denominação seja dona da patente da graça de Deus.
Não creio que nenhum sistema econômico ou linha política sejam exclusivos como marca registrada de quem é seguidor de Jesus Cristo.
Não creio que haja perdão quando o Espírito de Deus é blasfemado entre aqueles que se dizem seus.
Por isso, não creio que sairemos ilesos do julgamento que nos espera.
Porque nenhuma vida além da vida de Deus é eterna.
Não creio que, para nossa salvação e santificação, devemos crer em nada além do que está exposto no verdadeiro Credo Apostólico.
Angela Natel e Dalva Del Vigna
22 e 24/11/2018

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Descredo


Não creio no deus que criou apenas aquilo que considero santo e bom, deus limitado e explicável por sua criação.
Não creio no deus que precisa ser apaziguado para comigo se relacionar, limitado em seu poder de acordo com a vontade e ação humana, que depende da oração para intervir, que não pode fazer algo se um crente não der o primeiro passo.
Não creio no deus que só está onde é louvado, cuja presença depende do ambiente, do preparo, da ação e reação humana, deus que depende de mim, de minha semeadura, daquilo que faço ou deixo de fazer para que possa agir.
Não creio no deus cujo conhecimento é limitado àquilo que lhe confesso.
Não creio no cristo que não se identifica com o ser humano, que faz questão de estar sempre por cima.
Nem no cristo que me serve, que está 24h/dia disposto a realizar meus sonhos e desejos, a conceder todos os desígnios do meu coração.
Não creio no cristo que não incomoda o sistema político por dizer que seu Reino não é deste mundo, que defende e exalta patriotismo e nacionalidade, um cristo cuja pátria está aqui na terra, que serve à minha ideologia política, que é slogan de candidato, nem no cristo que toma partido a fim de respaldar poder de uns sobre os outros, que compactua com violência e exploração.
Não creio no cristo que prefere matar a morrer, que não dá a outra face, que se cansa de perdoar, no cristo que julga pela aparência, que é rápido em denunciar, que não ouve antes de falar, o cristo sem cruz, que foge do sofrimento, que defende seus direitos e vive de triunfalismo.
Não creio no cristo que não contraria as picuinhas religiosas e moralistas dos crentes, que se preocupa com a moral e os bons costumes, nem naquele que atenta em provar a si mesmo diante das pessoas. Nem no cristo que não vê humanidade em toda e qualquer pessoa, que demoniza gente, que quer saber cada detalhe da biografia do caído no caminho para saber se vale a pena socorrê-lo, que dá voz e microfone a demônio, que exclui pessoas e vem para condenar.
Não creio no cristo que privilegia denominações e detentores da Ortodoxia para conceder seu favor, que só trabalha com quem segue uma cartilha, uma caixinha denominacional, nem no cristo que permanece morto, deixando nas mãos daqueles que dizem levar seu nome toda a responsabilidade de sua vontade na terra, o cristo ausente e inerte na missão, ou preso às nossas estratégias e programações.
Não creio no cristo da desesperança, da condenação, do medo, da chantagem, que barganha salvação, que vende benção e prosperidade, que troca favores por uma hora, um evento, uma noite de oração.
Não creio no cristo que tem medo das pessoas em vez de amá-las, que nos deixou ao “deus dará”, que nos dá carta branca para dizer qualquer asneira em seu nome, nem no que justifica clubes com nomes de igrejas e organizações cristãs, no cristo que é demonstrado por elas.
Não creio no cristo cuja história ignoro, cujos fatos faço questão de não conhecer, no cristo a respeito de quem só ouço falar.
Não creio no cristo que convive pacificamente com Mamom, que precisa de dinheiro, que põe preço em sua criação, que dá e recebe dinheiro num sistema de perdas e lucro, que forma juízes e não discípulos, que envergonha os pobres e privilegia os ricos.
Não creio que ficaremos impunes por seguir e adorar estes falsos cristos.
Não creio no espírito que muitos chamam “santo”, que mais parece uma energia impessoal, cujo objetivo é atrair a atenção para espetáculos pirotécnicos de poder e ilusão.
Não creio na santidade da igreja instituição, nem na falsa unidade por ela apregoada a fim de manter aparências. Não creio que alguma linha teológica específica, doutrina ou denominação seja dona da patente da graça de Deus.
Não creio que nenhum sistema econômico ou linha política sejam exclusivos como marca registrada de quem é seguidor de Jesus Cristo.
Não creio que haja perdão quando o Espírito de Deus é blasfemado entre aqueles que se dizem seus.
Por isso, não creio que sairemos ilesos do julgamento que nos espera.
Porque nenhuma vida além da vida de Deus é eterna.
Não creio que, para nossa salvação e santificação, devemos crer em nada além do que está exposto no verdadeiro Credo Apostólico.
Angela Natel e Dalva Del Vigna
22 e 24/11/2018