terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Caminho

Pelo caminho encontro
os que pregam amor e não amam,
os que desejam liberdade oprimindo outros,
os que se dizem servos, amantes do poder,
os que ganham o mundo mas perdem a própria alma.

Vendilhões do Templo,
vendidos em sua própria consciência,
supervalorizam o externo, a aparência
em detrimento do princípio, do coração.

Os que se colocam como deuses do alheio,
mandando sobre o que não lhes pertence,
não abertos a negociação.

Enxergam no outro o que apodrece sua alma,
delimitam o tamanho e os limites de Deus.
Reconhecem o divino somente no espelho de si mesmos,
os que se veem detentores da última palavra.

Sim, encontro os que se recusam a perder
principalmente numa discussão,
que não se calam, não se aquietam,
até provarem seu ponto, sua razão.

Encontro também os sem voz,
que, no afã de serem ouvidos, agridem, machucam,
e de oprimidos passam a oprimir.
São muitos ternos e máscaras,
fachadas que cobrem a podridão de caráter.

Algumas vezes me encontro com um desses
e, depois de horas analisando a figura
percebo o detalhe, a luz refletida no espelho
bem diante de meu nariz.

Por isso, frequentemente me calo,
distinguindo em mim o que tanto condeno.
Por isso é melhor aquietar-se.
E se permitir assumir o erro, calar a condenação,
assumindo que não sou Deus, não sou ninguém.

Angela Natel

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Caminho

Pelo caminho encontro
os que pregam amor e não amam,
os que desejam liberdade oprimindo outros,
os que se dizem servos, amantes do poder,
os que ganham o mundo mas perdem a própria alma.

Vendilhões do Templo,
vendidos em sua própria consciência,
supervalorizam o externo, a aparência
em detrimento do princípio, do coração.

Os que se colocam como deuses do alheio,
mandando sobre o que não lhes pertence,
não abertos a negociação.

Enxergam no outro o que apodrece sua alma,
delimitam o tamanho e os limites de Deus.
Reconhecem o divino somente no espelho de si mesmos,
os que se veem detentores da última palavra.

Sim, encontro os que se recusam a perder
principalmente numa discussão,
que não se calam, não se aquietam,
até provarem seu ponto, sua razão.

Encontro também os sem voz,
que, no afã de serem ouvidos, agridem, machucam,
e de oprimidos passam a oprimir.
São muitos ternos e máscaras,
fachadas que cobrem a podridão de caráter.

Algumas vezes me encontro com um desses
e, depois de horas analisando a figura
percebo o detalhe, a luz refletida no espelho
bem diante de meu nariz.

Por isso, frequentemente me calo,
distinguindo em mim o que tanto condeno.
Por isso é melhor aquietar-se.
E se permitir assumir o erro, calar a condenação,
assumindo que não sou Deus, não sou ninguém.

Angela Natel