Não creio no deus que criou apenas
aquilo que considero santo e bom, deus limitado e explicável por sua criação.
Não creio no deus que
precisa ser apaziguado para comigo se relacionar, limitado em seu poder de
acordo com a vontade e ação humana, que depende da oração para intervir, que
não pode fazer algo se um crente não der o primeiro passo.
Não creio no deus que só
está onde é louvado, cuja presença depende do ambiente, do preparo, da ação e reação
humana, deus que depende de mim, de minha semeadura, daquilo que faço ou deixo
de fazer para que possa agir.
Não creio no deus cujo
conhecimento é limitado àquilo que lhe confesso.
Não creio no cristo que não
se identifica com o ser humano, que faz questão de estar sempre por cima.
Nem no cristo que me serve,
que está 24h/dia disposto a realizar meus sonhos e desejos, a conceder todos os
desígnios do meu coração.
Não creio no cristo que não
incomoda o sistema político por dizer que seu Reino não é deste mundo, que
defende e exalta patriotismo e nacionalidade, um cristo cuja pátria está aqui
na terra, que serve à minha ideologia política, que é slogan de candidato, nem no
cristo que toma partido a fim de respaldar poder de uns sobre os outros, que
compactua com violência e exploração.
Não creio no cristo que
prefere matar a morrer, que não dá a outra face, que se cansa de perdoar, no
cristo que julga pela aparência, que é rápido em denunciar, que não ouve antes
de falar, o cristo sem cruz, que foge do sofrimento, que defende seus direitos
e vive de triunfalismo.
Não creio no cristo que não contraria as picuinhas religiosas
e moralistas dos crentes, que se preocupa com a moral e os bons costumes, nem
naquele que atenta em provar a si mesmo diante das pessoas. Nem no cristo que
não vê humanidade em toda e qualquer pessoa, que demoniza gente, que quer saber
cada detalhe da biografia do caído no caminho para saber se vale a pena
socorrê-lo, que dá voz e microfone a demônio, que exclui pessoas e vem para
condenar.
Não creio no cristo que
privilegia denominações e detentores da Ortodoxia para conceder seu favor, que
só trabalha com quem segue uma cartilha, uma caixinha denominacional, nem no
cristo que permanece morto, deixando nas mãos daqueles que dizem levar seu nome
toda a responsabilidade de sua vontade na terra, o cristo ausente e inerte na
missão, ou preso às nossas estratégias e programações.
Não creio no cristo da
desesperança, da condenação, do medo, da chantagem, que barganha salvação, que
vende benção e prosperidade, que troca favores por uma hora, um evento, uma
noite de oração.
Não creio no cristo que tem
medo das pessoas em vez de amá-las, que nos deixou ao “deus dará”, que nos dá
carta branca para dizer qualquer asneira em seu nome, nem no que justifica
clubes com nomes de igrejas e organizações cristãs, no cristo que é demonstrado
por elas.
Não creio no cristo cuja
história ignoro, cujos fatos faço questão de não conhecer, no cristo a respeito
de quem só ouço falar.
Não creio no cristo que
convive pacificamente com Mamom, que precisa de dinheiro, que põe preço em sua
criação, que dá e recebe dinheiro num sistema de perdas e lucro, que forma
juízes e não discípulos, que envergonha os pobres e privilegia os ricos.
Não creio que ficaremos
impunes por seguir e adorar estes falsos cristos.
Não creio no espírito que
muitos chamam “santo”, que mais parece uma energia impessoal, cujo objetivo é
atrair a atenção para espetáculos pirotécnicos de poder e ilusão.
Não creio na santidade da
igreja instituição, nem na falsa unidade por ela apregoada a fim de manter
aparências. Não creio que alguma linha teológica específica, doutrina ou
denominação seja dona da patente da graça de Deus.
Não creio que nenhum sistema
econômico ou linha política sejam exclusivos como marca registrada de quem é
seguidor de Jesus Cristo.
Não creio que haja perdão
quando o Espírito de Deus é blasfemado entre aqueles que se dizem seus.
Por isso, não creio que
sairemos ilesos do julgamento que nos espera.
Porque nenhuma vida além da
vida de Deus é eterna.
Não creio que, para nossa
salvação e santificação, devemos crer em nada além do que está exposto no
verdadeiro Credo Apostólico.
Angela Natel e Dalva Del Vigna
22 e 24/11/2018
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