Já me disseram que sou
gorda, alucinada
Que sou velha, que estou
errada
Que não tenho prá onde ir.
Já me disseram que sou
estranha, rejeitada,
Mentirosa, descompensada,
Descontrolada prá rir.
Já me disseram que sou
pobre, inteligente,
Que sou linda, incoerente,
Que ainda não cresci.
Já me chamaram de
prostituta, desigrejada,
Grossa, burra, retardada,
Que nunca quer estar aqui.
Me chamam de filha, irmã,
titi, amiga, professora,
Inconstante, líder
promissora,
Que ainda paga prá ver.
Já me disseram que sou
autodidata,
Bipolar, violenta,
desengonçada,
Que nunca vou aprender.
Já me chamaram de ferrugem,
mal lavada,
Cleópatra, Madonna, mal
amada,
Filha que só dá problema e
despesa.
Já me falaram que sou
branca, tatuada,
Ecumênica, afastada,
Cheia de dúvidas e certezas.
Já me disseram que sou
questionadora,
Que dou medo, sou leoa,
que sou preta e que não sei
fazer.
Me disseram só de óculos sou
bonita
Que meu cabelo tem sua vida
Que sei tudo, que não sei
nada.
Já me chamaram de hipócrita,
faladeira,
Criativa, bagunceira,
Artista que vive isolada.
Já me disseram tanta coisa
nessa vida
Que se ouço, me complica
Toda a maneira de ser.
Sei que tenho personalidade
Não vivo pela metade
E às vezes quero morrer.
Angela Natel – 07/11/2013.
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