Um dos desdobramentos mais trágicos das lutas desencadeadas a partir do processo de independência são as guerras civis. Trata-se da consequência mais visivel e sangrenta da criação de fronteiras artificiais responsáveis pela divisão política do continente africano. Conflitos ancestrais tornaram-se guerras que desencadearam elevado índice de mortes, muitas vezes acompanhadas de golpes de Estado e instauração de ditaduras corruptas, interessadas em assegurar privilégios de minorias. A seguir, serão apresentados alguns exemplos dessas guerras que afetam a vida de milhares de pessoas.
1- RUANDA E BURUNDI:
Um dos maiores exemplos dessa luta mortal entre tribos é a que envolve hútus e tútsisnos territórios hoje divididos em Ruanda e Burundi. Originalmente denominada Ruanda-Burundi, até a primeira guerra mundial essa região pertencia à África Oriental Alemã. Em 1919, após a derrota dos alemães na guerra, os belgas assumiram o controle do território em questão.
Os conflitos na região, porém, remontam aos séculos XII e XV, quando chegaram ao local grupos hútus e tútsis, que conviveram ali durante muito tempo. Em termos de língua ou de aspecto físico, os dois grupos não apresentam grandes diferenças; já do ponto de vista econômico, enquanto os tútsis criavam gado, os hútus eram agricultores.
Sob o domínio Belga, os tútsis, que correspondiam a cerca de 15% da população foram escolhidos pelo poder colonial para "governar" o país. A maioria hútu (cerca de 85%) ficou excluída do processo social e econômico. Como não poderia deixar de ser, os hútus passaram a defender um governo que representasse os seus interesses. Em 1959, os agricultores hútus rebelaram-se contra a monarquia tútsi apoiada pelos Belgas e abriram caminho para separar Ruanda e Burundi. Em 1961, sob a liderança hútu, Ruanda ganharia status de República, e,no ano seguinte, a Bélgica reconheceria sua independência. Perseguidos os tútsis procuraram abrigo nos países vizinhos. Por sua vez, Burundi também se tornou independente nesse ano, sob monarquia tútsis.
Entretanto a paz não foi alcançada. Em 1963, tútsis exilados no Burundi organizaram um exército e voltaram para Ruanda, sendo massacrados pelos hútus. Outros massacres sucederam-se até que, em 1973, um golpe de Estado levou ao poder, em Ruanda, o coronel Juvénal Habyarimana, de etnia hútu. Apesar dos conflitos persistirem, pode-se afirmar que houve uma trégua nas duas décadas seguintes.
Em 1993, o governo de Ruanda, liderado pelos hútus, assinou um acordo de paz com a liderança tútsi, pelo qual os refugiados poderiam voltar ao país e participar do governo. Em abril do ano seguinte, retornando de uma conferência na Tanzânia, os presidentes hútus de Ruanda e Burundi foram vítimas de um acidente aéreo. A morte desses líderes desencadeou a volta dos massacres. No Burundi apesar da condição de minoria étnica, os tútsis detinham o controle do exército e deram um golpe de Estado em 1996, quando nomearam para presidente um major dessa etnia. Além disso obrigaram grande massa de hútus a viverem na condição de refugiados nos chamados "campos de reagrupamento", que reúnem cerca de 10% da população (cerca de 800 mil pessoas), segundo dados da organização não governamental Anistia Internacional. Outros 700 mil refugiados vivem fora das fronteiras do país, mais precisamente em países limítrofes, como Tanzânia e Uganda, criando sérios problemas para os dois governos, que não tem condições de garantir ajuda humanitária a essa população. Em Ruanda, onde a violência não tem sido menor, calcula-se que 13% da população tenha morrido na guerra desencadeada em 1994 pelos hútus, sendo 90% desse total integrante da minoria tútsi, segundo dados da ONU.
MAPA DE RUANDA E BURUNDI - PAÍSES AFRICANOS
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
CIVIS TÚTSIS MORTOS EM RUANDA (GENOCÍDIO)
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
2- BIAFRA:
Outro exemplo dos terríveis efeitos das fronteiras artificiais foi a guerra de Biafra no final dos anos 1960 e início da década seguinte. Província da Nígéria, Biafra é uma ex-colônia britânica que possui mais de 250 etnias. Em 1966, os Ibos, uma dessas tribos, tomaram o poder, provocando o aumento das rivalidades contra os Iorubas e os hauçás. Em consequência de um contragolpe, os Ibos foram massacrados no norte do país, onde são minoria. Eles deslocaram-se então para o leste da Nigéria, mais precisamente para a província de Biafra. No ano sequinte, os Ibos da pronvíncia de Biafra declararam sua independência, aprofundando a guerra civil, que se prolongou até 1970. Um boicote econômico por parte das empresas petroliferas (a Nigéria é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a OPEP)impediu o desenvolvimento do novo país e pôs fim ao projeto de separação dos Ibos, já que tal divisão poderia trazer problemas para essas empresas. Ao final do conflito, cerca de 1 milhão de biafrenses, quase todos Ibos, haviam morridos, vitimados pela fome ou por doenças. A Nigéria contudo, continuou como palco de golpes de Estado, liderados por chefes militares, o que tem tornado difícil a superação dos seus graves problemas internos.
PROVÍNCIA DE BIAFRA (NIGÉRIA)
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
CRIANÇAS SUBNUTRIDAS DURANTE A GUERRA OCORRIDA NA PROVÍNCIA DE BIAFRA - NIGÉRIA.
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
3- ANGOLA E MOÇAMBIQUE:
Também na chamada África Portuguesa (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Principe), as lutas pela independência revelaram-se sangrentas. Moçambique e Angola, por exemplo, libertaram-se após violentas guerras contra Portugal, em 1975.
Em Angola, o movimento anticolonial assumiu contornos especiais em razão do contexto da Guerra Fria. Os grupos angolenses de orientação Marxista procuraram apoio junto a países como Cuba e União Soviética, enquanto grupos liberais buscaram ajuda norte-americana. Proporcionado a independência de Angola, o acordo de Alvor, assinado em janeiro de 1975, não foi capaz de propiciar um entendimento entre esses grupos políticos, que passaram a lutar pelo poder no país. A Guerra Civil ganhou força, especialmente porque os Estados Unidos não timha interesse na instalação de regimes socialistas na África. Por outro lado, o bloco socialista também via no conflito uma oportunidade de fortalecer o seu bloco, caso Angola passasse a integrá-lo.
Foi só com o fim da Guerra Fria que se ampliaram as condições para um tratado de paz e um acordo entre as duas organizações, abrindo oportunidade para a realização das primeiras eleições pluripartidárias do país, em 1992. O Movimento Popular Pela Libertação de Angola (MPLA, de esquerda, foi alçado ao poder, com José Eduardo dos Santos. Entretanto Jonas Savimbi, seu opositor de direita (apoiado pelos Estados Unidos), não reconheceu o resultado, e a Guerra Civel recomeçou. Com a morte de Jonas Savimbi durante um combate em abril de 2002,seu grupo foi finalmente desarticulado, abrindo caminho para um processo de paz mais duradouro. O trágico saldo da Guerra Civil de mais de duas décadas é um país arrasado em toda a sua infra-estrutura, afetado por doenças que matam centenas de pessoas por dia e que se tornou o detentor do maior percentual mundial de pessoas mutiladas por minas terrestres. Além de mutilar as minas dificultam a prática da agricultura. Consequentemente, Angola é um dos países mais pobres do mundo, em que cerca de 60% da população é analfabeta e somente 40% fala o português, língua oficial do país.
O caso de Moçambique, outra ex-colônia portuguesa, não difere muito do angolano. Em 1975, Moçambique conseguiu a independência, a Frente de Libertação de Moçambique(FRELIMO), de orientação Marxista, chegou ao poder com um sistema de partido único, e o seu lider, Samora Machel, tornou-se presidente do país. Moçambique enfretaria problemas parecidos com os de Angola, ou seja, ali também os conflitos girariam em torno da divisão entre socialistas e capitalistas. A FRELIMO apoiada pelos governos socialistas, enfrentaria a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), que tinha como principais aliados os Estados Unidos e a África do Sul. Em 1992 a FRELIMO e a RENAMO assinaram o acordo de paz, dando esperança de dias melhores para os Moçambicanos. Em 1994, foram realizadas eleições pluripartidárias, e a FRELIMO saiu vitoriosa por meio da eleição de Joaquim Alberto Chissano. a RENAMO permaneceu como a segunda força política do país, optando pelo caminho das armas. Em 1999 Chissano foi reeleito, apesar das denúncias de fraudes, feitas pela oposição, que não foram comprovadas.
MAPA DE ANGOLA
ASPECTOS DA GUERRA CIVIL EM ANGOLA
MINA ENCONTRADA NO SOLO EM ANGOLA
MENINAS MUTILADAS POR MINA PARTICIPAM DE CONCURSO EM ANGOLA
MAPA DE MOÇAMBIQUE
SOLDADOS DA FRELIMO - DURANTE A GUERRA CIVIL - MOÇAMBIQUE
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
Texto: (Fonte: África; Horizontes e Desafios do Século XXI / Charles Pennaforte - São Paulo, SP, 2006 Editora Saraiva.)
fonte: http://alcanceageografia.blogspot.com.br/2009/10/as-guerras-civis-da-africa.html
terça-feira, 6 de outubro de 2015
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AS GUERRAS CIVIS DA ÁFRICA
Um dos desdobramentos mais trágicos das lutas desencadeadas a partir do processo de independência são as guerras civis. Trata-se da consequência mais visivel e sangrenta da criação de fronteiras artificiais responsáveis pela divisão política do continente africano. Conflitos ancestrais tornaram-se guerras que desencadearam elevado índice de mortes, muitas vezes acompanhadas de golpes de Estado e instauração de ditaduras corruptas, interessadas em assegurar privilégios de minorias. A seguir, serão apresentados alguns exemplos dessas guerras que afetam a vida de milhares de pessoas.
1- RUANDA E BURUNDI:
Um dos maiores exemplos dessa luta mortal entre tribos é a que envolve hútus e tútsisnos territórios hoje divididos em Ruanda e Burundi. Originalmente denominada Ruanda-Burundi, até a primeira guerra mundial essa região pertencia à África Oriental Alemã. Em 1919, após a derrota dos alemães na guerra, os belgas assumiram o controle do território em questão.
Os conflitos na região, porém, remontam aos séculos XII e XV, quando chegaram ao local grupos hútus e tútsis, que conviveram ali durante muito tempo. Em termos de língua ou de aspecto físico, os dois grupos não apresentam grandes diferenças; já do ponto de vista econômico, enquanto os tútsis criavam gado, os hútus eram agricultores.
Sob o domínio Belga, os tútsis, que correspondiam a cerca de 15% da população foram escolhidos pelo poder colonial para "governar" o país. A maioria hútu (cerca de 85%) ficou excluída do processo social e econômico. Como não poderia deixar de ser, os hútus passaram a defender um governo que representasse os seus interesses. Em 1959, os agricultores hútus rebelaram-se contra a monarquia tútsi apoiada pelos Belgas e abriram caminho para separar Ruanda e Burundi. Em 1961, sob a liderança hútu, Ruanda ganharia status de República, e,no ano seguinte, a Bélgica reconheceria sua independência. Perseguidos os tútsis procuraram abrigo nos países vizinhos. Por sua vez, Burundi também se tornou independente nesse ano, sob monarquia tútsis.
Entretanto a paz não foi alcançada. Em 1963, tútsis exilados no Burundi organizaram um exército e voltaram para Ruanda, sendo massacrados pelos hútus. Outros massacres sucederam-se até que, em 1973, um golpe de Estado levou ao poder, em Ruanda, o coronel Juvénal Habyarimana, de etnia hútu. Apesar dos conflitos persistirem, pode-se afirmar que houve uma trégua nas duas décadas seguintes.
Em 1993, o governo de Ruanda, liderado pelos hútus, assinou um acordo de paz com a liderança tútsi, pelo qual os refugiados poderiam voltar ao país e participar do governo. Em abril do ano seguinte, retornando de uma conferência na Tanzânia, os presidentes hútus de Ruanda e Burundi foram vítimas de um acidente aéreo. A morte desses líderes desencadeou a volta dos massacres. No Burundi apesar da condição de minoria étnica, os tútsis detinham o controle do exército e deram um golpe de Estado em 1996, quando nomearam para presidente um major dessa etnia. Além disso obrigaram grande massa de hútus a viverem na condição de refugiados nos chamados "campos de reagrupamento", que reúnem cerca de 10% da população (cerca de 800 mil pessoas), segundo dados da organização não governamental Anistia Internacional. Outros 700 mil refugiados vivem fora das fronteiras do país, mais precisamente em países limítrofes, como Tanzânia e Uganda, criando sérios problemas para os dois governos, que não tem condições de garantir ajuda humanitária a essa população. Em Ruanda, onde a violência não tem sido menor, calcula-se que 13% da população tenha morrido na guerra desencadeada em 1994 pelos hútus, sendo 90% desse total integrante da minoria tútsi, segundo dados da ONU.
MAPA DE RUANDA E BURUNDI - PAÍSES AFRICANOS
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CIVIS TÚTSIS MORTOS EM RUANDA (GENOCÍDIO)
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
2- BIAFRA:
Outro exemplo dos terríveis efeitos das fronteiras artificiais foi a guerra de Biafra no final dos anos 1960 e início da década seguinte. Província da Nígéria, Biafra é uma ex-colônia britânica que possui mais de 250 etnias. Em 1966, os Ibos, uma dessas tribos, tomaram o poder, provocando o aumento das rivalidades contra os Iorubas e os hauçás. Em consequência de um contragolpe, os Ibos foram massacrados no norte do país, onde são minoria. Eles deslocaram-se então para o leste da Nigéria, mais precisamente para a província de Biafra. No ano sequinte, os Ibos da pronvíncia de Biafra declararam sua independência, aprofundando a guerra civil, que se prolongou até 1970. Um boicote econômico por parte das empresas petroliferas (a Nigéria é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a OPEP)impediu o desenvolvimento do novo país e pôs fim ao projeto de separação dos Ibos, já que tal divisão poderia trazer problemas para essas empresas. Ao final do conflito, cerca de 1 milhão de biafrenses, quase todos Ibos, haviam morridos, vitimados pela fome ou por doenças. A Nigéria contudo, continuou como palco de golpes de Estado, liderados por chefes militares, o que tem tornado difícil a superação dos seus graves problemas internos.
PROVÍNCIA DE BIAFRA (NIGÉRIA)
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CRIANÇAS SUBNUTRIDAS DURANTE A GUERRA OCORRIDA NA PROVÍNCIA DE BIAFRA - NIGÉRIA.
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3- ANGOLA E MOÇAMBIQUE:
Também na chamada África Portuguesa (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Principe), as lutas pela independência revelaram-se sangrentas. Moçambique e Angola, por exemplo, libertaram-se após violentas guerras contra Portugal, em 1975.
Em Angola, o movimento anticolonial assumiu contornos especiais em razão do contexto da Guerra Fria. Os grupos angolenses de orientação Marxista procuraram apoio junto a países como Cuba e União Soviética, enquanto grupos liberais buscaram ajuda norte-americana. Proporcionado a independência de Angola, o acordo de Alvor, assinado em janeiro de 1975, não foi capaz de propiciar um entendimento entre esses grupos políticos, que passaram a lutar pelo poder no país. A Guerra Civil ganhou força, especialmente porque os Estados Unidos não timha interesse na instalação de regimes socialistas na África. Por outro lado, o bloco socialista também via no conflito uma oportunidade de fortalecer o seu bloco, caso Angola passasse a integrá-lo.
Foi só com o fim da Guerra Fria que se ampliaram as condições para um tratado de paz e um acordo entre as duas organizações, abrindo oportunidade para a realização das primeiras eleições pluripartidárias do país, em 1992. O Movimento Popular Pela Libertação de Angola (MPLA, de esquerda, foi alçado ao poder, com José Eduardo dos Santos. Entretanto Jonas Savimbi, seu opositor de direita (apoiado pelos Estados Unidos), não reconheceu o resultado, e a Guerra Civel recomeçou. Com a morte de Jonas Savimbi durante um combate em abril de 2002,seu grupo foi finalmente desarticulado, abrindo caminho para um processo de paz mais duradouro. O trágico saldo da Guerra Civil de mais de duas décadas é um país arrasado em toda a sua infra-estrutura, afetado por doenças que matam centenas de pessoas por dia e que se tornou o detentor do maior percentual mundial de pessoas mutiladas por minas terrestres. Além de mutilar as minas dificultam a prática da agricultura. Consequentemente, Angola é um dos países mais pobres do mundo, em que cerca de 60% da população é analfabeta e somente 40% fala o português, língua oficial do país.
O caso de Moçambique, outra ex-colônia portuguesa, não difere muito do angolano. Em 1975, Moçambique conseguiu a independência, a Frente de Libertação de Moçambique(FRELIMO), de orientação Marxista, chegou ao poder com um sistema de partido único, e o seu lider, Samora Machel, tornou-se presidente do país. Moçambique enfretaria problemas parecidos com os de Angola, ou seja, ali também os conflitos girariam em torno da divisão entre socialistas e capitalistas. A FRELIMO apoiada pelos governos socialistas, enfrentaria a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), que tinha como principais aliados os Estados Unidos e a África do Sul. Em 1992 a FRELIMO e a RENAMO assinaram o acordo de paz, dando esperança de dias melhores para os Moçambicanos. Em 1994, foram realizadas eleições pluripartidárias, e a FRELIMO saiu vitoriosa por meio da eleição de Joaquim Alberto Chissano. a RENAMO permaneceu como a segunda força política do país, optando pelo caminho das armas. Em 1999 Chissano foi reeleito, apesar das denúncias de fraudes, feitas pela oposição, que não foram comprovadas.
MAPA DE ANGOLA
ASPECTOS DA GUERRA CIVIL EM ANGOLA
MINA ENCONTRADA NO SOLO EM ANGOLA
MENINAS MUTILADAS POR MINA PARTICIPAM DE CONCURSO EM ANGOLA
MAPA DE MOÇAMBIQUE
SOLDADOS DA FRELIMO - DURANTE A GUERRA CIVIL - MOÇAMBIQUE
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
Texto: (Fonte: África; Horizontes e Desafios do Século XXI / Charles Pennaforte - São Paulo, SP, 2006 Editora Saraiva.)
fonte: http://alcanceageografia.blogspot.com.br/2009/10/as-guerras-civis-da-africa.html
1- RUANDA E BURUNDI:
Um dos maiores exemplos dessa luta mortal entre tribos é a que envolve hútus e tútsisnos territórios hoje divididos em Ruanda e Burundi. Originalmente denominada Ruanda-Burundi, até a primeira guerra mundial essa região pertencia à África Oriental Alemã. Em 1919, após a derrota dos alemães na guerra, os belgas assumiram o controle do território em questão.
Os conflitos na região, porém, remontam aos séculos XII e XV, quando chegaram ao local grupos hútus e tútsis, que conviveram ali durante muito tempo. Em termos de língua ou de aspecto físico, os dois grupos não apresentam grandes diferenças; já do ponto de vista econômico, enquanto os tútsis criavam gado, os hútus eram agricultores.
Sob o domínio Belga, os tútsis, que correspondiam a cerca de 15% da população foram escolhidos pelo poder colonial para "governar" o país. A maioria hútu (cerca de 85%) ficou excluída do processo social e econômico. Como não poderia deixar de ser, os hútus passaram a defender um governo que representasse os seus interesses. Em 1959, os agricultores hútus rebelaram-se contra a monarquia tútsi apoiada pelos Belgas e abriram caminho para separar Ruanda e Burundi. Em 1961, sob a liderança hútu, Ruanda ganharia status de República, e,no ano seguinte, a Bélgica reconheceria sua independência. Perseguidos os tútsis procuraram abrigo nos países vizinhos. Por sua vez, Burundi também se tornou independente nesse ano, sob monarquia tútsis.
Entretanto a paz não foi alcançada. Em 1963, tútsis exilados no Burundi organizaram um exército e voltaram para Ruanda, sendo massacrados pelos hútus. Outros massacres sucederam-se até que, em 1973, um golpe de Estado levou ao poder, em Ruanda, o coronel Juvénal Habyarimana, de etnia hútu. Apesar dos conflitos persistirem, pode-se afirmar que houve uma trégua nas duas décadas seguintes.
Em 1993, o governo de Ruanda, liderado pelos hútus, assinou um acordo de paz com a liderança tútsi, pelo qual os refugiados poderiam voltar ao país e participar do governo. Em abril do ano seguinte, retornando de uma conferência na Tanzânia, os presidentes hútus de Ruanda e Burundi foram vítimas de um acidente aéreo. A morte desses líderes desencadeou a volta dos massacres. No Burundi apesar da condição de minoria étnica, os tútsis detinham o controle do exército e deram um golpe de Estado em 1996, quando nomearam para presidente um major dessa etnia. Além disso obrigaram grande massa de hútus a viverem na condição de refugiados nos chamados "campos de reagrupamento", que reúnem cerca de 10% da população (cerca de 800 mil pessoas), segundo dados da organização não governamental Anistia Internacional. Outros 700 mil refugiados vivem fora das fronteiras do país, mais precisamente em países limítrofes, como Tanzânia e Uganda, criando sérios problemas para os dois governos, que não tem condições de garantir ajuda humanitária a essa população. Em Ruanda, onde a violência não tem sido menor, calcula-se que 13% da população tenha morrido na guerra desencadeada em 1994 pelos hútus, sendo 90% desse total integrante da minoria tútsi, segundo dados da ONU.
MAPA DE RUANDA E BURUNDI - PAÍSES AFRICANOS
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CIVIS TÚTSIS MORTOS EM RUANDA (GENOCÍDIO)
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
2- BIAFRA:
Outro exemplo dos terríveis efeitos das fronteiras artificiais foi a guerra de Biafra no final dos anos 1960 e início da década seguinte. Província da Nígéria, Biafra é uma ex-colônia britânica que possui mais de 250 etnias. Em 1966, os Ibos, uma dessas tribos, tomaram o poder, provocando o aumento das rivalidades contra os Iorubas e os hauçás. Em consequência de um contragolpe, os Ibos foram massacrados no norte do país, onde são minoria. Eles deslocaram-se então para o leste da Nigéria, mais precisamente para a província de Biafra. No ano sequinte, os Ibos da pronvíncia de Biafra declararam sua independência, aprofundando a guerra civil, que se prolongou até 1970. Um boicote econômico por parte das empresas petroliferas (a Nigéria é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a OPEP)impediu o desenvolvimento do novo país e pôs fim ao projeto de separação dos Ibos, já que tal divisão poderia trazer problemas para essas empresas. Ao final do conflito, cerca de 1 milhão de biafrenses, quase todos Ibos, haviam morridos, vitimados pela fome ou por doenças. A Nigéria contudo, continuou como palco de golpes de Estado, liderados por chefes militares, o que tem tornado difícil a superação dos seus graves problemas internos.
PROVÍNCIA DE BIAFRA (NIGÉRIA)
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CRIANÇAS SUBNUTRIDAS DURANTE A GUERRA OCORRIDA NA PROVÍNCIA DE BIAFRA - NIGÉRIA.
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
3- ANGOLA E MOÇAMBIQUE:
Também na chamada África Portuguesa (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Principe), as lutas pela independência revelaram-se sangrentas. Moçambique e Angola, por exemplo, libertaram-se após violentas guerras contra Portugal, em 1975.
Em Angola, o movimento anticolonial assumiu contornos especiais em razão do contexto da Guerra Fria. Os grupos angolenses de orientação Marxista procuraram apoio junto a países como Cuba e União Soviética, enquanto grupos liberais buscaram ajuda norte-americana. Proporcionado a independência de Angola, o acordo de Alvor, assinado em janeiro de 1975, não foi capaz de propiciar um entendimento entre esses grupos políticos, que passaram a lutar pelo poder no país. A Guerra Civil ganhou força, especialmente porque os Estados Unidos não timha interesse na instalação de regimes socialistas na África. Por outro lado, o bloco socialista também via no conflito uma oportunidade de fortalecer o seu bloco, caso Angola passasse a integrá-lo.
Foi só com o fim da Guerra Fria que se ampliaram as condições para um tratado de paz e um acordo entre as duas organizações, abrindo oportunidade para a realização das primeiras eleições pluripartidárias do país, em 1992. O Movimento Popular Pela Libertação de Angola (MPLA, de esquerda, foi alçado ao poder, com José Eduardo dos Santos. Entretanto Jonas Savimbi, seu opositor de direita (apoiado pelos Estados Unidos), não reconheceu o resultado, e a Guerra Civel recomeçou. Com a morte de Jonas Savimbi durante um combate em abril de 2002,seu grupo foi finalmente desarticulado, abrindo caminho para um processo de paz mais duradouro. O trágico saldo da Guerra Civil de mais de duas décadas é um país arrasado em toda a sua infra-estrutura, afetado por doenças que matam centenas de pessoas por dia e que se tornou o detentor do maior percentual mundial de pessoas mutiladas por minas terrestres. Além de mutilar as minas dificultam a prática da agricultura. Consequentemente, Angola é um dos países mais pobres do mundo, em que cerca de 60% da população é analfabeta e somente 40% fala o português, língua oficial do país.
O caso de Moçambique, outra ex-colônia portuguesa, não difere muito do angolano. Em 1975, Moçambique conseguiu a independência, a Frente de Libertação de Moçambique(FRELIMO), de orientação Marxista, chegou ao poder com um sistema de partido único, e o seu lider, Samora Machel, tornou-se presidente do país. Moçambique enfretaria problemas parecidos com os de Angola, ou seja, ali também os conflitos girariam em torno da divisão entre socialistas e capitalistas. A FRELIMO apoiada pelos governos socialistas, enfrentaria a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), que tinha como principais aliados os Estados Unidos e a África do Sul. Em 1992 a FRELIMO e a RENAMO assinaram o acordo de paz, dando esperança de dias melhores para os Moçambicanos. Em 1994, foram realizadas eleições pluripartidárias, e a FRELIMO saiu vitoriosa por meio da eleição de Joaquim Alberto Chissano. a RENAMO permaneceu como a segunda força política do país, optando pelo caminho das armas. Em 1999 Chissano foi reeleito, apesar das denúncias de fraudes, feitas pela oposição, que não foram comprovadas.
MAPA DE ANGOLA
ASPECTOS DA GUERRA CIVIL EM ANGOLA
MINA ENCONTRADA NO SOLO EM ANGOLA
MENINAS MUTILADAS POR MINA PARTICIPAM DE CONCURSO EM ANGOLA
MAPA DE MOÇAMBIQUE
SOLDADOS DA FRELIMO - DURANTE A GUERRA CIVIL - MOÇAMBIQUE
(Fonte: www.googleimagens.com.br)
Texto: (Fonte: África; Horizontes e Desafios do Século XXI / Charles Pennaforte - São Paulo, SP, 2006 Editora Saraiva.)
fonte: http://alcanceageografia.blogspot.com.br/2009/10/as-guerras-civis-da-africa.html
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