Se me perguntares o que quero que me faças
Peço que me tires de dentro de mim
Que cancele a dívida que sempre me ameaça
Que toda acusação chegue ao seu fim.
Peço também que me compreenda e me aceites
Que me abrace nesta solidão.
Que nenhuma suposição a meu respeito se apresente
Sem que a verdade seja veiculada em primeira mão.
Quero ser livre em meu direito de escolher
E preservar as relações com meus irmãos
Quero viver sem medo e em paz morrer
Sem mais pesar nem repetir discursos vãos.
Quero agir em favor do outro sem nenhum retorno
Ser escritora, e com isso deixar um legado
Viver com pouco, repartir muito – seja meu adorno
Misericórdia e justiça – seja o meu brado.
O que desejo é não ser mais pressionada
A me casar e enquadrar-me no sistema
Quero ser, se for prá bem, só encontrada
por quem buscar o mesmo alvo sem nenhum dilema.
Que eu tenha sempre mais livros que sapatos
aprender sempre e, se possível, ensinar
libertar-me dos venenos dos boatos
e ir além que qualquer um possa imaginar.
Angela Natel – 06/10/2014.
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