Somos
todos cadelas
Rosnando
a quem se aproxime
Ou
ameace nossos interesses.
São
planos e bens
Visões
do além
Crenças,
opções sexuais
Que
abraçamos acima de tudo e de todos
E ai de quem fale contra, de quem ouse
contrariar
Ai
de quem manifeste contrariedade
Ou
tente nos questionar.
A
sociedade não importa,
Mostramos
os dentes
Porque
somos cadelas em frente à cria de nossas histórias
São
vidas vazias, são outras memórias
Pecado
social (injustiça institucionalizada): eu defendo o que é meu
Ai
de quem ultrapassar minha fronteira.
Sou
cadela enfurecida, uso a lei a meu favor,
E
mesmo quando se manifesta em prol do que lhe é próximo
Ganha
IBOPE com isso, alimenta seu ego, planos e labor.
Somos
todos cadelas no ninho a rosnar.
Somos
todos injustos, cada um buscando seu interesse
Erguendo
o punho a praguejar
Contra
o diferente, o estranho, aquele que me vem discordar
Não
vivemos mais juntos, não nos unimos, não lutamos uns pelos outros.
Somos
ingratas cadelas
Preocupados em defender nossos deuses
sem nenhuma capacidade de olhar para quem se encontra ao nosso lado, muito
menos lhe estender a mão.
Deus não precisa de advogados, não há
quem possa defendê-lo. Nunca Ele manifestou desejo de que fôssemos contra os
que inventam argumentos para refutar nossa fé.
Mas como cadelas em torno de nossa cria
que nada mais é que um deus inventado que precisa ser defendido, precisa
ser ajudado com nossas orações de poder,
nos levantamos em fúria, em nossas manifestações e campanhas para desmoralizar aqueles a quem
deveríamos amar.
Porque se Deus, a quem precisamos amar
acima de todas as coisas, se fez carne, tornando-se um homem, fica evidente que
precisamos amar a humanidade – a cara que Deus assumiu.
Mas cadelas não amam. Cadelas agem por
instinto, apegadas em seu zelo por sobrevivência.
Como cadelas vagamos agarrados em nossas opções sexuais, lutando
com unhas e dentes contra os diferentes.
Não os amamos, não os recebemos em nossas casas, não os queremos visíveis
aos nossos olhos.
Porque somos cadelas, e certas escolhas
ferem nossas convicções. E cadelas não sabem amar.
Como cadelas gritamos contra os que se
entregam a cultos religiosos com os quais não concordamos. São visões
diferentes, estranhas, e não pensamos numa possibilidade de convivência pacífica.
Porque somos cadelas, tal convivência não interessa, contanto que se defenda
somente o que se concorda.
Nossa cria são nossas visões
cristalizadas, as condições que impomos aos outros para que se aproximem de
nós, os planos dos quais não abrimos mão, as decisões sobre as quais não
permitimos questionamento, são nossos preconceitos, os rótulos que colocamos
sobre as pessoas. Cada item defendido como se não houvesse outra opção, como se
o mundo girasse em torno de nossas cabeças – nos tornamos os deuses de nós
mesmos, as cadelas enfurecidas prontas para atacar o primeiro que se atrever a
ameaçá-las.
Quando deixarmos de agir como cadelas
neste mundo de ninguém, olharemos mais para o outro do que para o próprio
umbigo, e o Reino de Deus que é coletivo poderá ser instaurado em pessoas que lutam
contra a injustiça, ainda que institucionalizada, buscando a paz e priorizando
o pobre, o excluído e o marginalizado, como Jesus fez.
Se não quisermos mudar de atitude, de
pensamento, nem de prioridades, não seremos na da além de cadelas numa geração
consumista e alienada das conseqüências do que faz.
Cadelas egoístas, que usam seus
relacionamentos a fim de proteger seus objetivos.
Cadelas. Nada mais que cadelas.
Angela
Natel
29/08/2012
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