sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A conquista da masculinidade




Quando um bebê vem ao mundo, recebe seu primeiro batismo de fogo no estreitamento extremo provocado por sua passagem pelo canal vaginal. Ele precisa deixar o ninho seguro e quentinho do útero da mamãe para vir à luz da vida na Terra. É um momento delicado, perigoso, crítico, cuja fragilidade se revela na mesma proporção que a força da natureza. Ao enfrentar esse desafio precoce, ele é iniciado na exigência de coragem que irá acompanhá-lo vida afora, imprimindo graus de dificuldade cada vez maiores a que ele será exposto até se tornar um homem maduro, no sentido mais amplo do termo. A morte, com sua dura irreversibilidade, será a última chance a ele: a de encarar de frente o abismo do desconhecido.

Durante a infância e a adolescência, inúmeras pequenas preparações se dão até que o grande momento lhe seja apresentado. Aprende-se a caminhar com suas próprias pernas, o seio cujo alimento lhe é oferecido com abundância na temperatura ideal e em embalagem perfeita, limpa e segura, deixa de estar à sua disposição e os dentinhos começam a rasgar a gengiva, satisfazendo a necessidade de triturar alimentos mais substanciais. Logo logo, esses dentinhos começam a cair para dar lugar aos definitivos. Com a puberdade, chegam as alterações de humor provocadas pelos hormônios. Os pelos crescem, a voz vai engrossando e os interesses se voltam para a descoberta do sexo e seus atrativos, cujo apelo só será ultrapassado mais tarde, quando questões filosóficas maiores fizerem com que o jovem se dedique a conquistas profissionais, as que lhe trarão maior independência e respeito perante os seus.

Cada um desses ritos de passagem tem seu significado profundo e serve de base para que o grande momento seja alcançado com sucesso. O momento em que se dará a sublime descoberta do verdadeiro sentido da masculinidade plena: tornar-se o provedor de um núcleo familiar. Chamar para si a responsabilidade de construir uma estrutura forte o suficiente para sustentar o crescimento físico, intelectual, emocional e espiritual dos filhos gerados pelo seu próprio sêmen. Proporcionar não só sua continuidade genética, mas aprimorar as qualidades subjetivas de sua linhagem.

O homem que consegue dar esse passo fundamental toma em suas mãos as rédeas do destino da humanidade e traça um caminho evolutivo consistente para todos os outros.

Esse é o verdadeiro e sofisticado macho alfa, que faz nossa aventura nesse planeta valer a pena, independentemente da sua conta bancária, do nível de poder alcançado ou do seu conhecimento profissional. O sujeito que protagoniza a cena ao ser contemplado com a consciência do valor da paternidade conquista o direito de habitar o topo da pirâmide e será eternamente reverenciado por isso.

Publicado originalmente na seção Crônica da Revista, na Revista do jornal Correio Braziliense, domingo, 9 de outubro de 2011, ano 7, número 334. 
Por Maria Paula

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A conquista da masculinidade




Quando um bebê vem ao mundo, recebe seu primeiro batismo de fogo no estreitamento extremo provocado por sua passagem pelo canal vaginal. Ele precisa deixar o ninho seguro e quentinho do útero da mamãe para vir à luz da vida na Terra. É um momento delicado, perigoso, crítico, cuja fragilidade se revela na mesma proporção que a força da natureza. Ao enfrentar esse desafio precoce, ele é iniciado na exigência de coragem que irá acompanhá-lo vida afora, imprimindo graus de dificuldade cada vez maiores a que ele será exposto até se tornar um homem maduro, no sentido mais amplo do termo. A morte, com sua dura irreversibilidade, será a última chance a ele: a de encarar de frente o abismo do desconhecido.

Durante a infância e a adolescência, inúmeras pequenas preparações se dão até que o grande momento lhe seja apresentado. Aprende-se a caminhar com suas próprias pernas, o seio cujo alimento lhe é oferecido com abundância na temperatura ideal e em embalagem perfeita, limpa e segura, deixa de estar à sua disposição e os dentinhos começam a rasgar a gengiva, satisfazendo a necessidade de triturar alimentos mais substanciais. Logo logo, esses dentinhos começam a cair para dar lugar aos definitivos. Com a puberdade, chegam as alterações de humor provocadas pelos hormônios. Os pelos crescem, a voz vai engrossando e os interesses se voltam para a descoberta do sexo e seus atrativos, cujo apelo só será ultrapassado mais tarde, quando questões filosóficas maiores fizerem com que o jovem se dedique a conquistas profissionais, as que lhe trarão maior independência e respeito perante os seus.

Cada um desses ritos de passagem tem seu significado profundo e serve de base para que o grande momento seja alcançado com sucesso. O momento em que se dará a sublime descoberta do verdadeiro sentido da masculinidade plena: tornar-se o provedor de um núcleo familiar. Chamar para si a responsabilidade de construir uma estrutura forte o suficiente para sustentar o crescimento físico, intelectual, emocional e espiritual dos filhos gerados pelo seu próprio sêmen. Proporcionar não só sua continuidade genética, mas aprimorar as qualidades subjetivas de sua linhagem.

O homem que consegue dar esse passo fundamental toma em suas mãos as rédeas do destino da humanidade e traça um caminho evolutivo consistente para todos os outros.

Esse é o verdadeiro e sofisticado macho alfa, que faz nossa aventura nesse planeta valer a pena, independentemente da sua conta bancária, do nível de poder alcançado ou do seu conhecimento profissional. O sujeito que protagoniza a cena ao ser contemplado com a consciência do valor da paternidade conquista o direito de habitar o topo da pirâmide e será eternamente reverenciado por isso.

Publicado originalmente na seção Crônica da Revista, na Revista do jornal Correio Braziliense, domingo, 9 de outubro de 2011, ano 7, número 334. 
Por Maria Paula