quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Destino traçado


A oitava série foi marcada pelo início de novos relacionamentos.

Lembro da chegada de um garoto novo na escola, D., e que fez as meninas suspirarem. Ele realmente era lindo, na minha opinião, então decidi mudar minha rotina. Ao invés de sentar na primeira carteira, bem na cara dos professores, inusitadamente sentei perto dele. Ofereci meus préstimos durante as avaliações (i.e., cola mesmo) e ficamos super amigos.

Conversávamos sobre inúmeras coisas e acabamos tendo uma liberdade da qual as outras meninas invejavam. Enquanto isso, ele “ficava” com várias meninas, e eu me considerava ainda detentora da maior parte das suas atenções.
Eu ainda participava do Clubinho Bíblico de meninas, mas nessa época eu ganhava todas as gincanas bíblicas e ía lá mais para jogar pebolim do que para outra coisa. Minha irmã tinha saído porque já tinha passado da idade de participar (que era de 12 a 18 anos, acho). Então, de repente, as mulheres responsáveis vieram comversar comigo pedindo que eu não mais participasse, porque eu, de certa forma, estava atrapalhando as outras meninas. Fui embora e chorei, sentindo mais uma vez a dor da rejeição e da incompreensão.
No primeiro semestre daquele ano minha mãe ouviu numa rádio cristã a respeito de um acampamento de inverno que seria realizado pela JOCUM (Jovens Com Uma Missão) nas férias de julho, de uma semana. Naquela época não sabíamos o que era JOCUM, mas tínhamos ouvido falar que era algo muito bom, então minha irmã e eu fomos para o acampamento.
Naquelas férias Deus mudou os meus planos de vida. Durante aquela semana vimos de tudo: possessão demoníaca, libertação, unidade, adoração, vida de verdade e muitos testemunhos missionários. Lá eu fui confrontada pela primeira vez com a necessidade de obreiros para o campo missionário.
O acampamento era de Segunda a Sábado e, no último dia, pela manhã, busquei de Deus, pela primeira vez na minha vida, uma orientação quanto ao que Ele queria que eu fizesse. Como resposta, meditei no texto de Atos 22:21: "Então o Senhor me disse: 'Vá, eu o enviarei para longe aos gentios'."(NVI)

Naquele dia foi falado a respeito da capacitação sobrenatural do Espírito Santo para realizarmos a obra de Deus. Oraram por mim e meu corpo amoleceu na hora. A palavra ministrada naquele dia foi a de Atos 20:24:

"Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus."(NVI)
Depois uma missionária da JOCUM testemunhou sobre seu ministério em África, mostrando fotos e contando situações que faziam queimar meu coração. Não pude explicar muita coisa na época, só tive a certeza de que essa é a vontade de Deus para a minha vida: viver para testemunhar do evangelho de Sua graça.
A partir desse acampamento, minha irmã e eu começamos a participar do grupo de King’s Kids, no qual éramos ministrados sobre princípios de meditação diária, intercessão, missões, evangelismo e temor do Senhor (de onde compilei um estudo), e ainda éramos cobrados por nossas devocionais. Às vezes íamos apresentar as coreografias em praças, orfanatos e igrejas. O mais legal era o uniforme básico de inverno, com cores fosforescentes.
Ao retornar à rotina da escola, minha primeira atitude foi falar da salvação em Jesus para o D., que a aceitou prontamente. Foi uma grande vitória, e nos tornamos mais amigos do que nunca.
Mais tarde fiz questão de visitar o Clubinho de meninas pela última vez, só que desta vez vestindo o uniforme de King’s Kids, testemunhando do que Deus tinha feito em minha vida. As mulheres chegaram a me perguntar se eu tinha alguma mágoa do que tinha acontecido, e respondi, sinceramente, que não. Foi o fim dessa época.
Na Igreja tinha um sobrinho de uma amiga de minha mãe na época, R., com o qual eu flertava constantemente. Nós namoramos por um tempo, com beijos melhores do que o meu primeiro, até que descobri que ele estava flertando com uma de minhas discípulas, com quem eu estudava a Bíblia freqüentemente. No momento em que eu soube, confrontei-o e não lhe permiti dominar a situação, para que eu não saísse mais machucada do que já estava. Terminei com tudo na hora, e ainda incentivei-o a investir na menina. Isso causou certo estranhamento por parte dele, que demonstrou pensar que eu realmente não gostava dele – era o que eu queria, mesmo. Assim fui criando uma capa de proteção ao redor de minhas emoções, buscando ardentemente encontrar alguém que me amasse sem prazo de validade, incondicionalmente.
J. continuava com suas investidas para comigo e, num dia, ele me pediu que eu o ensinasse a beijar. Assustei-me, porque pensava que ele já tinha tido esse tipo de experiência. Mas, o levei para um lugar isolado na escola, e trocamos alguns beijos que, para mim, foram como o meu primeiro: completamente sem graça por não ter um respaldo emocional.
No fim do ano as oitavas séries organizaram um retiro para comemorar o fim dessa etapa e decidi que não passaria dessa data para “ficar” com o D.. Nós já tínhamos uma ótima amizade e, cria, não poderia ser afetada por alguns beijos. Lembro que na noite principal, fizemos par na festa do ridículo e caminhamos conversando muito sobre diversos assuntos. Quando fomos nos despedir e dar boa noite, dei-lhe um beijo, que foi gratificantemente correspondido, e que ficou em minha memória por um bom tempo.
Para minha alegria, nada do que aconteceu mudou nossa amizade. Alguns anos mais tarde, recebi uma carta do D. contando sobre sua vida com Deus e sua perspectiva de vida. Ainda bem que certas besteiras que fazemos não têm grande repercussão no todo de nossa vida.

Esse foi o ano mais marcante da minha adolescência, meus 14 anos, que trouxe base para muitas das decisões que tomei a partir dali.

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Destino traçado


A oitava série foi marcada pelo início de novos relacionamentos.

Lembro da chegada de um garoto novo na escola, D., e que fez as meninas suspirarem. Ele realmente era lindo, na minha opinião, então decidi mudar minha rotina. Ao invés de sentar na primeira carteira, bem na cara dos professores, inusitadamente sentei perto dele. Ofereci meus préstimos durante as avaliações (i.e., cola mesmo) e ficamos super amigos.

Conversávamos sobre inúmeras coisas e acabamos tendo uma liberdade da qual as outras meninas invejavam. Enquanto isso, ele “ficava” com várias meninas, e eu me considerava ainda detentora da maior parte das suas atenções.
Eu ainda participava do Clubinho Bíblico de meninas, mas nessa época eu ganhava todas as gincanas bíblicas e ía lá mais para jogar pebolim do que para outra coisa. Minha irmã tinha saído porque já tinha passado da idade de participar (que era de 12 a 18 anos, acho). Então, de repente, as mulheres responsáveis vieram comversar comigo pedindo que eu não mais participasse, porque eu, de certa forma, estava atrapalhando as outras meninas. Fui embora e chorei, sentindo mais uma vez a dor da rejeição e da incompreensão.
No primeiro semestre daquele ano minha mãe ouviu numa rádio cristã a respeito de um acampamento de inverno que seria realizado pela JOCUM (Jovens Com Uma Missão) nas férias de julho, de uma semana. Naquela época não sabíamos o que era JOCUM, mas tínhamos ouvido falar que era algo muito bom, então minha irmã e eu fomos para o acampamento.
Naquelas férias Deus mudou os meus planos de vida. Durante aquela semana vimos de tudo: possessão demoníaca, libertação, unidade, adoração, vida de verdade e muitos testemunhos missionários. Lá eu fui confrontada pela primeira vez com a necessidade de obreiros para o campo missionário.
O acampamento era de Segunda a Sábado e, no último dia, pela manhã, busquei de Deus, pela primeira vez na minha vida, uma orientação quanto ao que Ele queria que eu fizesse. Como resposta, meditei no texto de Atos 22:21: "Então o Senhor me disse: 'Vá, eu o enviarei para longe aos gentios'."(NVI)

Naquele dia foi falado a respeito da capacitação sobrenatural do Espírito Santo para realizarmos a obra de Deus. Oraram por mim e meu corpo amoleceu na hora. A palavra ministrada naquele dia foi a de Atos 20:24:

"Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus."(NVI)
Depois uma missionária da JOCUM testemunhou sobre seu ministério em África, mostrando fotos e contando situações que faziam queimar meu coração. Não pude explicar muita coisa na época, só tive a certeza de que essa é a vontade de Deus para a minha vida: viver para testemunhar do evangelho de Sua graça.
A partir desse acampamento, minha irmã e eu começamos a participar do grupo de King’s Kids, no qual éramos ministrados sobre princípios de meditação diária, intercessão, missões, evangelismo e temor do Senhor (de onde compilei um estudo), e ainda éramos cobrados por nossas devocionais. Às vezes íamos apresentar as coreografias em praças, orfanatos e igrejas. O mais legal era o uniforme básico de inverno, com cores fosforescentes.
Ao retornar à rotina da escola, minha primeira atitude foi falar da salvação em Jesus para o D., que a aceitou prontamente. Foi uma grande vitória, e nos tornamos mais amigos do que nunca.
Mais tarde fiz questão de visitar o Clubinho de meninas pela última vez, só que desta vez vestindo o uniforme de King’s Kids, testemunhando do que Deus tinha feito em minha vida. As mulheres chegaram a me perguntar se eu tinha alguma mágoa do que tinha acontecido, e respondi, sinceramente, que não. Foi o fim dessa época.
Na Igreja tinha um sobrinho de uma amiga de minha mãe na época, R., com o qual eu flertava constantemente. Nós namoramos por um tempo, com beijos melhores do que o meu primeiro, até que descobri que ele estava flertando com uma de minhas discípulas, com quem eu estudava a Bíblia freqüentemente. No momento em que eu soube, confrontei-o e não lhe permiti dominar a situação, para que eu não saísse mais machucada do que já estava. Terminei com tudo na hora, e ainda incentivei-o a investir na menina. Isso causou certo estranhamento por parte dele, que demonstrou pensar que eu realmente não gostava dele – era o que eu queria, mesmo. Assim fui criando uma capa de proteção ao redor de minhas emoções, buscando ardentemente encontrar alguém que me amasse sem prazo de validade, incondicionalmente.
J. continuava com suas investidas para comigo e, num dia, ele me pediu que eu o ensinasse a beijar. Assustei-me, porque pensava que ele já tinha tido esse tipo de experiência. Mas, o levei para um lugar isolado na escola, e trocamos alguns beijos que, para mim, foram como o meu primeiro: completamente sem graça por não ter um respaldo emocional.
No fim do ano as oitavas séries organizaram um retiro para comemorar o fim dessa etapa e decidi que não passaria dessa data para “ficar” com o D.. Nós já tínhamos uma ótima amizade e, cria, não poderia ser afetada por alguns beijos. Lembro que na noite principal, fizemos par na festa do ridículo e caminhamos conversando muito sobre diversos assuntos. Quando fomos nos despedir e dar boa noite, dei-lhe um beijo, que foi gratificantemente correspondido, e que ficou em minha memória por um bom tempo.
Para minha alegria, nada do que aconteceu mudou nossa amizade. Alguns anos mais tarde, recebi uma carta do D. contando sobre sua vida com Deus e sua perspectiva de vida. Ainda bem que certas besteiras que fazemos não têm grande repercussão no todo de nossa vida.

Esse foi o ano mais marcante da minha adolescência, meus 14 anos, que trouxe base para muitas das decisões que tomei a partir dali.