Minet el-Beida (Ugarit), 13º século AEC. A. 9,2 cm. Por
volta da virada do século XX, os estudiosos se dedicaram totalmente às antigas
imagens femininas. Erroneamente rotuladas de imagens de fertilidade – uma vez que
ignora as inúmeras possibilidades para a função dessas imagens e reduzindo a
imagem feminina à fertilidade – essas imagens aparecem aos milhares em diversos
locais públicos e privados das sociedades do antigo sudoeste asiático. Ritos que
antes eram associados a eventos astrais ou magia protetora passaram a ser
entendidos como rituais de fertilidade, cujo objetivo era a procriação - de
vida humana, animal e/ou vegetal. Inevitavelmente, as estatuetas femininas
passaram a ser identificadas não apenas com o conceito de fertilidade, mas
foram entendidas como representantes da “Mãe Terra” ou “Deusa da Fertilidade”
universal, um conceito colonial dos universais que não existem sem uma
imposição europeia de interpretação. Dessa maneira, ignoram-se as diversas
culturas que, com suas peculiaridades, moldam cada Deusa às suas realidades e
necessidades. O próprio Yahweh assume posteriormente a função da fertilidade nas
construções narrativas a seu respeito, quando ordena "sede fecundos e
multiplicai-vos".
Saiba mais sobre a problemática do reducionismo colonial na
interpretação das imagens das Deusas nuas em minha tese de doutorado - https://angelanatel.wordpress.com/2025/02/25/pre-venda-do-livro-de-asherah-a-lo-ruchamah-tese-de-doutorado-de-angela-natel/
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