sexta-feira, 18 de julho de 2025

Fertilidade?

 


Minet el-Beida (Ugarit), 13º século AEC. A. 9,2 cm. Por volta da virada do século XX, os estudiosos se dedicaram totalmente às antigas imagens femininas. Erroneamente rotuladas de imagens de fertilidade – uma vez que ignora as inúmeras possibilidades para a função dessas imagens e reduzindo a imagem feminina à fertilidade – essas imagens aparecem aos milhares em diversos locais públicos e privados das sociedades do antigo sudoeste asiático. Ritos que antes eram associados a eventos astrais ou magia protetora passaram a ser entendidos como rituais de fertilidade, cujo objetivo era a procriação - de vida humana, animal e/ou vegetal. Inevitavelmente, as estatuetas femininas passaram a ser identificadas não apenas com o conceito de fertilidade, mas foram entendidas como representantes da “Mãe Terra” ou “Deusa da Fertilidade” universal, um conceito colonial dos universais que não existem sem uma imposição europeia de interpretação. Dessa maneira, ignoram-se as diversas culturas que, com suas peculiaridades, moldam cada Deusa às suas realidades e necessidades. O próprio Yahweh assume posteriormente a função da fertilidade nas construções narrativas a seu respeito, quando ordena "sede fecundos e multiplicai-vos".

Saiba mais sobre a problemática do reducionismo colonial na interpretação das imagens das Deusas nuas em minha tese de doutorado - https://angelanatel.wordpress.com/2025/02/25/pre-venda-do-livro-de-asherah-a-lo-ruchamah-tese-de-doutorado-de-angela-natel/


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Fertilidade?

 


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