quarta-feira, 28 de setembro de 2011

I love lions!



In Kenya, a lion cub fell down a steep cliff, but fortunately his mother was there to save him.  And fortunately for us, a photographer captured the whole touching scene on camera.  aaaaand I’m instantly in a better mood.
sweet
Oh God, so beautiful, I love lions.

sábado, 24 de setembro de 2011

Jeito de morrer

Morrer não é apenas
perder os sentidos
e a respiração
trata-se de muito mais do que isso
é desilusão.

morrer significa pouco
se perco de repente o meu chão
significa o mundo
se me arrancam tudo das mãos.

morrer acontece nos dias
em que o sol brilha menos que a escuridão
e a música que ouço vibrando
estremece o meu caixão.

morrer se transforma num vício
que aos poucos me destrói
se transforma num crime
que minha alma corrói.

morrer é ver-se abusado
por quem a gente mais ama
morrer é nunca ter amado
nem dar a vida por quem se ama.

morro a cada dia que passa
na dor, na tristeza e decepção
morro se minha boca estravaza
ardente desilusão.

prá não morrer nesse mundo
preciso para ele morrer
quando pouco vira tudo
e não temo por minha vida perder.

(Angela Natel - 11 de setembro de 2011)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Imagens que falam mais do que palavras...










e ainda:

http://barenakedislam.wordpress.com/2010/09/24/muslims-burning-non-muslims-alive/

São vidas, pessoas, independentemente de suas escolhas...
muitas continuam sofrendo.
O que posso fazer por elas?
Como devo agir?
Como demonstrar amor? Inclusive aos que as afligem?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Redenção



Eu me perguntei
Como pude deixar isso acontecer.
Percebi...
Eu estava sentindo falta de algo
Alguma coisa prometida
Algo tão importante
Uma mão na minha
Dedos perto da minha testa,
Forte, frio, movendo-se
Fazendo-me plena, consistente, pura.
Todo o divino entrando em mim,
Fazendo abrir-me.
Estava sentindo falta de algo.
-Alguma coisa prometida
-Alguma coisa livre.
-Uma mão na minha.
-Eu sei sobre corpos deitados.
Deitar com um homem e levar a ele toda a minha carne.
E alguns dos meus prazeres foram tomados.
Completo, ansioso, molhado,
Como eu fico algumas vezes.
Estava sentindo falta de algo.
-Uma mão na minha.
- Não é minha mãe. Abraçou-me bem firme dizendo que seria sua menina.
-Não é uma mão no peito e na barriga.
Uma mão na minha.
A santidade de mim libertada.
-Uma noite fiquei acordada
Andando pelo piso do meu apartamento
Gritando, chorando
O fantasma de outra mulher
Que perdeu o que também perdi.
Eu queria saltar para fora dos meus ossos
Livrar-me de mim mesma.
Deixar-me sozinha e voar com o vento.
Era muito.
Eu caí em um entorpecimento
Até só conseguir ver árvores.
Me pegue em seus ramos,
Abrace-me com a brisa
Faça-me o orvalho do amanhecer
Da refrescante madrugada.
O sol
Me envolve
Espalhando luz rosa em todos os lugares
E o céu acima de mim
Como um milhão de homens.
Eu estava com frio...
Eu estava pegando fogo...
Uma criança tecendo infinitas peças de vestuário
Para a lua
Com as minhas lágrimas
Eu encontrei Deus em mim
E eu a amava intensamente.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Crystal, cujo marido jogou os dois filhos do casal pela janela, matando-os, com algumas frases de outras mulheres inseridas no diálogo)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cansada de suas desculpas



Todas nós temos essas histórias de desculpas, não é?
Ouça, na semana passada meu ex veio e disse:
‘querida, não sei como consegui o seu número, desculpe-me’.
Não, não, é o seguinte:
‘querida, você sabe, eu estava doidão, sinto muito.’
‘ Sou apenas humano. Nossas fraquezas é o que nos faz humanos. Se fôssemos perfeitos não teríamos nada para lutar. Então você poderia me perdoar, porque eu lamento.’
É isso. ‘Eu faço o que eu faço porque achei que poderia agüentar. Não? Sinto muito.’
‘Agora eu sei que você sabe que eu te amo. Mas não vou te amar do jeito que você quer que eu te ame. Sinto muito.’
‘Cale a boca, cadela. Eu te disse que estava arrependido.’

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Demais para tê-lo jogado na minha cara



As mulheres se doam tanto
Apenas dão muito de seu poder.
Pode acontecer com qualquer um de nós
Qualquer um que está apaixonado.

Meu amor é lindo demais
 para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito sagrado
para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito mágico
para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito complicado
para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito musical
para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito sábado à noite
para tê-lo jogado de volta na minha cara.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)

domingo, 18 de setembro de 2011

Desculpas




Poupe a sua desculpa
Uma coisa que eu não preciso são mais desculpas.
Eu tenho a minha desculpa recebida na porta da frente
Você pode ficar com a sua.
Tenho que me livrar delas.
Não posso nem chegar ao meu guarda-roupa
De tantas desculpas.
Quer saber?
Vou colocar um cartaz.
Um cartaz na porta. Melhor ainda, mensagem de voz.
A minha mensagem de voz:
‘Se me ligou para pedir desculpas,
Ligue para outro
Porque eu não as uso mais’
Vai deixar: Sinto muito, não era a minha intenção
E como poderia saber sobre isso?
Ir à pé por uma rua escura e mofada do Brooklyn, Carl?
Bem, vou fazer exatamente o que eu quero
E não vou me arrepender de nada disso.
Vamos presumir que o arrependimento acalma a alma.
Vou acalmar a minha.
Sabe, você sempre foi incoerente
Fazendo as coisas e depois dizer que sente,
Pulsando o coração até a morte,
Falando sobre suas desculpas.
Sim, bem, não vou chamá-lo.
Não serei gentil.
Vou levantar a minha voz,
Vou gritar, berrar,
Vou quebrar as coisas,
Aumentarei o ronco do motor e contarei os seus segredos
Sobre você na sua cara
 E eu não vou me arrepender de nada disso.
Eu te amava mesmo.
Eu estava mesmo entregue.
Nem mesmo estou arrependida de você estar arrependido.
Você pode levar toda a sua culpa e toda a sua sujeira
E fazer o que quiser com ela
Só não dá para mim
Não posso ter outra desculpa.
Da próxima vez, Carl, admita
Admita que esteja mal
Admita que seja mal
Que você é baixo, insignificante e desprezível
E se não consegue se endireitar
Em vez de lamentar
Alegre-se de ser você mesmo
Quando eu voltar quero que tenha partido
E leve seu HIV com você.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Jo, cujo marido a traía com outros homens e lhe transmitiu o vírus HIV)

sábado, 17 de setembro de 2011

Adeus




Desde que percebi
Que havia alguém chamando ‘a garota negra’
Ou uma mulher má
Cadela ou intrometida
Venho tentando não ser assim
E deixar a amargura para os outros
Vindo alguém para me amar
Sem cicatrizes profundas de cheiro desagradável
A partir do lixo
Ou ficar gritando na rua
Onde lunáticos sussurram:
‘vagabunda, vagabunda, cadela’
Saindo daqui com tudo isso
Eu não tinha nada para você.

Eu trouxe a você a alegria que encontrei
E eu encontrei alegria
E então há essa mulher que te magoa
A quem você deixou três a quatro vezes
E então voltou
Depois de colocar o meu coração na sola do seu sapato.
Só voltou ao lugar que machucou
E eu não tenho nada.
Então, fui até alguém que tinha algo para mim
Mas nenhum deles era você.
Tenho um verdadeiro amor morto aqui para você agora.
Porque não sei mais
Como evitar o meu rosto coberto de lágrimas
Porque eu tinha me convencido
De que as garotas negras não tem direito à tristeza.
Eu vivi para você.
Eu sei que fiz isso por mim, mas eu não agüentava.
Não poderia suportar, lamentar e ser negra ao mesmo tempo.
É tão redundante no mundo moderno.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Juanita Sims)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Abandonada e roubada



Alguém quase foi embora
Com todas as minhas coisas
E nem se preocupou para deixar um bilhete dizendo:
‘eu estava atrasado para minha conversa solo’
Ou elas eram muito pequenas para minha saia brega
O que alguém pode fazer com algo sem valor de mercado?
Você recebeu algum centavo pelas minhas coisas?
Ei, cara,
Onde você está indo com todas as minhas coisas?
Esta é a vida de uma mulher
E eu preciso das minhas coisas para me bajular.
Juro por Deus, alguém quase saiu correndo
Com todas as minhas coisas
E eu não trouxe nada, mas ele levou
A bunda perfeita para o meu homem
E nada disso é dele
Isto é meu
Coisas de Juanita
Esse é o meu nome,
Agora me dê as minhas coisas
Eu vejo você esconder meu riso,
E eu sento com pernas abertas, por vezes
Para dar à minha vagina um pouco de luz.
Esta é uma perna delicada e lunático beijo
Eu devo escolher
Então você não pode me ter
A menos que eu me entregue
E eu estava fazendo tudo isso
Até que você fugiu com uma coisa boa.
E quem é esta pela qual você me deixou?
Alguma vagabunda com uma má atitude.
Eu quero as minhas coisas
Eu quero o meu braço com a cicatriz de ferro quente
Eu quero a minha perna com a picada de pulga
Sim, eu quero as minhas coisas.
Eu quero meus pés calejados
E a resposta rápida em minha boca
Eu quero minhas próprias coisas como eu amava.
Alguém quase fugiu com todas as minhas coisas
E eu estava lá olhando para mim o tempo todo.
Não foi um espírito que fugiu com todas as minhas coisas
Era um homem cujo ego
Andou em volta como uma sombra Rodam,
Era um homem mais rápido do que a minha inocência,
Era um amante para quem dei muito espaço
Quase fugiu com todas as minhas coisas
E a que foi com ele
Não sabe que pegou.
Estou gritando:
“Isso é meu!”
E ele nem sequer sabe que os tem.
Minhas coisas são o tesouro anonimamente roubado do ano.
Você sabia que alguém quase fugiu comigo?
Eu, com um saco de plástico debaixo do braço,
Eu, Juanita Sims,
Alguém quase fugiu com todas as minhas coisas.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Juanita Sims, abandonada pelo homem com quem morava)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sechita




Uma vez que haviam bolas quadrum

Elegância em St. Louis
Motim dos mulatos
Jogados Mississipi abaixo
Para Memphis, New Orleans
E os crepes à margem do pântano
Quando o pobre lixo branco iria cantar
Gemido estranho com tons líquidos
Através dos pântanos
Sechita tinha ouvido falar dessas coisas
Ela empurrou a poeira Delta com as unhas pintadas
Carnaval nativo estava tocando Natchez
Sechita, deusa egípcia da criatividade
Segundo milênio
Jogou os cabelos pesados do coque pelo pescoço
Relato histórico
Espalhando óleo de carmim nas bochechas
Sobrancelhas depiladas
E inconscientemente serviu o último uísque no copo
O espelho quebrado que ela usou para decorar o seu rosto
Fazendo sua testa inclinar para trás
Suas bochechas pareciam afundadas
Sechita tinha aprendido a ser tolerante
Com as distorções
Mas a poeira pesada do Delta
Deixou uma pontinha de grão e trevas
Em cada um de seus vestidos
Sechita estava ansiosa para voltar a St. Louis.
A terra lá não rastreava do solo
Em sua alma
Pelo menos em St. Louis
A terra foi comprada em uma loja
De segunda mão
Sechita podia ouvir gritos dos camponeses
E tapa nas costas
Ela pegou a saia coberta de lantejoulas
E fez seu rosto imóvel
Como Nefertiti aproximando-se da própria sepultura.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tudo o que eu tenho



Você não pode amar alguém sofrendo com muita dor.
Eu estou aprendendo cada vez mais e mais.
Eu não sei o que há de errado comigo.
Perdi o contato com a realidade e não sei quem fez isso.
Pensei que sabia, mas eu era estúpida.
Eu era capaz de ser ferida
E isso não é real.
Não mais.
Nós devemos ser imunes
Se continuarmos vivas.
Como estamos vivas?
A minha dependência de outros seres vivos por amor.
Eu sobrevivo por causa da intimidade
E de manhã tudo o que eu tenho vai embora.
É tudo o que eu tenho.
Estar viva.
E, sendo uma mulher,
Ser negra é um dilema metafísico
Que não entendi ainda.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Aprenda a viver



Dormindo com todos esses homens pensando que é só sexo.
Não é só sexo, querida.
Tudo tem uma raiz.
E você tem que encontrá-la
Para arrancá-la.
Às 04:30 aparecem movendo seus membros que te aprisionam.
Você suspira afirmando o homem esculpido
E prepara um banho
Com o escuro cheiro de óleo egípcio
E a água florida para remover seu cheiro
Para lavar o brilho
Para ver as borboletas derreterem em espuma
E o estresse cair sob as nádegas
Como pedras lisas em um riacho do Missouri.
Descansando na água
Você vai voltar a ser você mesma
Mulher comum com muitas tranças
Com as pernas grandes e lábios carnudos, normal.
E aqueles que são vítimas do deslumbramento
Dos quadris pintados com flores de laranjeira
E pulsos com fragrância de magnólia
Eles só queriam não mais do que estar entre as coxas
E haviam planejado de sair antes do amanhecer
E quando terminar de escrever a história de sua façanha
Em um diário de bordados com lírio e opala
Você colocará a rosa atrás da orelha
E vai chorar até dormir.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)

I love lions!



In Kenya, a lion cub fell down a steep cliff, but fortunately his mother was there to save him.  And fortunately for us, a photographer captured the whole touching scene on camera.  aaaaand I’m instantly in a better mood.
sweet
Oh God, so beautiful, I love lions.

Jeito de morrer

Morrer não é apenas
perder os sentidos
e a respiração
trata-se de muito mais do que isso
é desilusão.

morrer significa pouco
se perco de repente o meu chão
significa o mundo
se me arrancam tudo das mãos.

morrer acontece nos dias
em que o sol brilha menos que a escuridão
e a música que ouço vibrando
estremece o meu caixão.

morrer se transforma num vício
que aos poucos me destrói
se transforma num crime
que minha alma corrói.

morrer é ver-se abusado
por quem a gente mais ama
morrer é nunca ter amado
nem dar a vida por quem se ama.

morro a cada dia que passa
na dor, na tristeza e decepção
morro se minha boca estravaza
ardente desilusão.

prá não morrer nesse mundo
preciso para ele morrer
quando pouco vira tudo
e não temo por minha vida perder.

(Angela Natel - 11 de setembro de 2011)

Imagens que falam mais do que palavras...










e ainda:

http://barenakedislam.wordpress.com/2010/09/24/muslims-burning-non-muslims-alive/

São vidas, pessoas, independentemente de suas escolhas...
muitas continuam sofrendo.
O que posso fazer por elas?
Como devo agir?
Como demonstrar amor? Inclusive aos que as afligem?

Redenção



Eu me perguntei
Como pude deixar isso acontecer.
Percebi...
Eu estava sentindo falta de algo
Alguma coisa prometida
Algo tão importante
Uma mão na minha
Dedos perto da minha testa,
Forte, frio, movendo-se
Fazendo-me plena, consistente, pura.
Todo o divino entrando em mim,
Fazendo abrir-me.
Estava sentindo falta de algo.
-Alguma coisa prometida
-Alguma coisa livre.
-Uma mão na minha.
-Eu sei sobre corpos deitados.
Deitar com um homem e levar a ele toda a minha carne.
E alguns dos meus prazeres foram tomados.
Completo, ansioso, molhado,
Como eu fico algumas vezes.
Estava sentindo falta de algo.
-Uma mão na minha.
- Não é minha mãe. Abraçou-me bem firme dizendo que seria sua menina.
-Não é uma mão no peito e na barriga.
Uma mão na minha.
A santidade de mim libertada.
-Uma noite fiquei acordada
Andando pelo piso do meu apartamento
Gritando, chorando
O fantasma de outra mulher
Que perdeu o que também perdi.
Eu queria saltar para fora dos meus ossos
Livrar-me de mim mesma.
Deixar-me sozinha e voar com o vento.
Era muito.
Eu caí em um entorpecimento
Até só conseguir ver árvores.
Me pegue em seus ramos,
Abrace-me com a brisa
Faça-me o orvalho do amanhecer
Da refrescante madrugada.
O sol
Me envolve
Espalhando luz rosa em todos os lugares
E o céu acima de mim
Como um milhão de homens.
Eu estava com frio...
Eu estava pegando fogo...
Uma criança tecendo infinitas peças de vestuário
Para a lua
Com as minhas lágrimas
Eu encontrei Deus em mim
E eu a amava intensamente.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Crystal, cujo marido jogou os dois filhos do casal pela janela, matando-os, com algumas frases de outras mulheres inseridas no diálogo)

Cansada de suas desculpas



Todas nós temos essas histórias de desculpas, não é?
Ouça, na semana passada meu ex veio e disse:
‘querida, não sei como consegui o seu número, desculpe-me’.
Não, não, é o seguinte:
‘querida, você sabe, eu estava doidão, sinto muito.’
‘ Sou apenas humano. Nossas fraquezas é o que nos faz humanos. Se fôssemos perfeitos não teríamos nada para lutar. Então você poderia me perdoar, porque eu lamento.’
É isso. ‘Eu faço o que eu faço porque achei que poderia agüentar. Não? Sinto muito.’
‘Agora eu sei que você sabe que eu te amo. Mas não vou te amar do jeito que você quer que eu te ame. Sinto muito.’
‘Cale a boca, cadela. Eu te disse que estava arrependido.’

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)

Demais para tê-lo jogado na minha cara



As mulheres se doam tanto
Apenas dão muito de seu poder.
Pode acontecer com qualquer um de nós
Qualquer um que está apaixonado.

Meu amor é lindo demais
 para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito sagrado
para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito mágico
para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito complicado
para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito musical
para tê-lo jogado de volta na minha cara.
Meu amor é muito sábado à noite
para tê-lo jogado de volta na minha cara.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)

Desculpas




Poupe a sua desculpa
Uma coisa que eu não preciso são mais desculpas.
Eu tenho a minha desculpa recebida na porta da frente
Você pode ficar com a sua.
Tenho que me livrar delas.
Não posso nem chegar ao meu guarda-roupa
De tantas desculpas.
Quer saber?
Vou colocar um cartaz.
Um cartaz na porta. Melhor ainda, mensagem de voz.
A minha mensagem de voz:
‘Se me ligou para pedir desculpas,
Ligue para outro
Porque eu não as uso mais’
Vai deixar: Sinto muito, não era a minha intenção
E como poderia saber sobre isso?
Ir à pé por uma rua escura e mofada do Brooklyn, Carl?
Bem, vou fazer exatamente o que eu quero
E não vou me arrepender de nada disso.
Vamos presumir que o arrependimento acalma a alma.
Vou acalmar a minha.
Sabe, você sempre foi incoerente
Fazendo as coisas e depois dizer que sente,
Pulsando o coração até a morte,
Falando sobre suas desculpas.
Sim, bem, não vou chamá-lo.
Não serei gentil.
Vou levantar a minha voz,
Vou gritar, berrar,
Vou quebrar as coisas,
Aumentarei o ronco do motor e contarei os seus segredos
Sobre você na sua cara
 E eu não vou me arrepender de nada disso.
Eu te amava mesmo.
Eu estava mesmo entregue.
Nem mesmo estou arrependida de você estar arrependido.
Você pode levar toda a sua culpa e toda a sua sujeira
E fazer o que quiser com ela
Só não dá para mim
Não posso ter outra desculpa.
Da próxima vez, Carl, admita
Admita que esteja mal
Admita que seja mal
Que você é baixo, insignificante e desprezível
E se não consegue se endireitar
Em vez de lamentar
Alegre-se de ser você mesmo
Quando eu voltar quero que tenha partido
E leve seu HIV com você.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Jo, cujo marido a traía com outros homens e lhe transmitiu o vírus HIV)

Adeus




Desde que percebi
Que havia alguém chamando ‘a garota negra’
Ou uma mulher má
Cadela ou intrometida
Venho tentando não ser assim
E deixar a amargura para os outros
Vindo alguém para me amar
Sem cicatrizes profundas de cheiro desagradável
A partir do lixo
Ou ficar gritando na rua
Onde lunáticos sussurram:
‘vagabunda, vagabunda, cadela’
Saindo daqui com tudo isso
Eu não tinha nada para você.

Eu trouxe a você a alegria que encontrei
E eu encontrei alegria
E então há essa mulher que te magoa
A quem você deixou três a quatro vezes
E então voltou
Depois de colocar o meu coração na sola do seu sapato.
Só voltou ao lugar que machucou
E eu não tenho nada.
Então, fui até alguém que tinha algo para mim
Mas nenhum deles era você.
Tenho um verdadeiro amor morto aqui para você agora.
Porque não sei mais
Como evitar o meu rosto coberto de lágrimas
Porque eu tinha me convencido
De que as garotas negras não tem direito à tristeza.
Eu vivi para você.
Eu sei que fiz isso por mim, mas eu não agüentava.
Não poderia suportar, lamentar e ser negra ao mesmo tempo.
É tão redundante no mundo moderno.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Juanita Sims)

Abandonada e roubada



Alguém quase foi embora
Com todas as minhas coisas
E nem se preocupou para deixar um bilhete dizendo:
‘eu estava atrasado para minha conversa solo’
Ou elas eram muito pequenas para minha saia brega
O que alguém pode fazer com algo sem valor de mercado?
Você recebeu algum centavo pelas minhas coisas?
Ei, cara,
Onde você está indo com todas as minhas coisas?
Esta é a vida de uma mulher
E eu preciso das minhas coisas para me bajular.
Juro por Deus, alguém quase saiu correndo
Com todas as minhas coisas
E eu não trouxe nada, mas ele levou
A bunda perfeita para o meu homem
E nada disso é dele
Isto é meu
Coisas de Juanita
Esse é o meu nome,
Agora me dê as minhas coisas
Eu vejo você esconder meu riso,
E eu sento com pernas abertas, por vezes
Para dar à minha vagina um pouco de luz.
Esta é uma perna delicada e lunático beijo
Eu devo escolher
Então você não pode me ter
A menos que eu me entregue
E eu estava fazendo tudo isso
Até que você fugiu com uma coisa boa.
E quem é esta pela qual você me deixou?
Alguma vagabunda com uma má atitude.
Eu quero as minhas coisas
Eu quero o meu braço com a cicatriz de ferro quente
Eu quero a minha perna com a picada de pulga
Sim, eu quero as minhas coisas.
Eu quero meus pés calejados
E a resposta rápida em minha boca
Eu quero minhas próprias coisas como eu amava.
Alguém quase fugiu com todas as minhas coisas
E eu estava lá olhando para mim o tempo todo.
Não foi um espírito que fugiu com todas as minhas coisas
Era um homem cujo ego
Andou em volta como uma sombra Rodam,
Era um homem mais rápido do que a minha inocência,
Era um amante para quem dei muito espaço
Quase fugiu com todas as minhas coisas
E a que foi com ele
Não sabe que pegou.
Estou gritando:
“Isso é meu!”
E ele nem sequer sabe que os tem.
Minhas coisas são o tesouro anonimamente roubado do ano.
Você sabia que alguém quase fugiu comigo?
Eu, com um saco de plástico debaixo do braço,
Eu, Juanita Sims,
Alguém quase fugiu com todas as minhas coisas.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Juanita Sims, abandonada pelo homem com quem morava)

Sechita




Uma vez que haviam bolas quadrum

Elegância em St. Louis
Motim dos mulatos
Jogados Mississipi abaixo
Para Memphis, New Orleans
E os crepes à margem do pântano
Quando o pobre lixo branco iria cantar
Gemido estranho com tons líquidos
Através dos pântanos
Sechita tinha ouvido falar dessas coisas
Ela empurrou a poeira Delta com as unhas pintadas
Carnaval nativo estava tocando Natchez
Sechita, deusa egípcia da criatividade
Segundo milênio
Jogou os cabelos pesados do coque pelo pescoço
Relato histórico
Espalhando óleo de carmim nas bochechas
Sobrancelhas depiladas
E inconscientemente serviu o último uísque no copo
O espelho quebrado que ela usou para decorar o seu rosto
Fazendo sua testa inclinar para trás
Suas bochechas pareciam afundadas
Sechita tinha aprendido a ser tolerante
Com as distorções
Mas a poeira pesada do Delta
Deixou uma pontinha de grão e trevas
Em cada um de seus vestidos
Sechita estava ansiosa para voltar a St. Louis.
A terra lá não rastreava do solo
Em sua alma
Pelo menos em St. Louis
A terra foi comprada em uma loja
De segunda mão
Sechita podia ouvir gritos dos camponeses
E tapa nas costas
Ela pegou a saia coberta de lantejoulas
E fez seu rosto imóvel
Como Nefertiti aproximando-se da própria sepultura.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)

Tudo o que eu tenho



Você não pode amar alguém sofrendo com muita dor.
Eu estou aprendendo cada vez mais e mais.
Eu não sei o que há de errado comigo.
Perdi o contato com a realidade e não sei quem fez isso.
Pensei que sabia, mas eu era estúpida.
Eu era capaz de ser ferida
E isso não é real.
Não mais.
Nós devemos ser imunes
Se continuarmos vivas.
Como estamos vivas?
A minha dependência de outros seres vivos por amor.
Eu sobrevivo por causa da intimidade
E de manhã tudo o que eu tenho vai embora.
É tudo o que eu tenho.
Estar viva.
E, sendo uma mulher,
Ser negra é um dilema metafísico
Que não entendi ainda.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)

Aprenda a viver



Dormindo com todos esses homens pensando que é só sexo.
Não é só sexo, querida.
Tudo tem uma raiz.
E você tem que encontrá-la
Para arrancá-la.
Às 04:30 aparecem movendo seus membros que te aprisionam.
Você suspira afirmando o homem esculpido
E prepara um banho
Com o escuro cheiro de óleo egípcio
E a água florida para remover seu cheiro
Para lavar o brilho
Para ver as borboletas derreterem em espuma
E o estresse cair sob as nádegas
Como pedras lisas em um riacho do Missouri.
Descansando na água
Você vai voltar a ser você mesma
Mulher comum com muitas tranças
Com as pernas grandes e lábios carnudos, normal.
E aqueles que são vítimas do deslumbramento
Dos quadris pintados com flores de laranjeira
E pulsos com fragrância de magnólia
Eles só queriam não mais do que estar entre as coxas
E haviam planejado de sair antes do amanhecer
E quando terminar de escrever a história de sua façanha
Em um diário de bordados com lírio e opala
Você colocará a rosa atrás da orelha
E vai chorar até dormir.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’)